domingo, 10 de fevereiro de 2013

Justiça determina destruição do matagal de dona Zuleika em Itaipava!


A campainha tocou na tarde de ontem na mansão de dona Zuleika Munhoz em Itaipava.
Era Albertino Queirós, oficial de justiça, levando consigo um mandado judicial que decretava: a plantação de maconha transgênica, cultivada ilegalmente em seu haras, deveria ser totalmente destruída nos próximos dias.
E Adriano, neto de dona Zuleika, continuava foragido da justiça por tamanha faceta aprontada.

O clima era de tristeza e consternação.
Dona Zuleika ficou chorosa após a intimação.
Ligou para sua velha amiga, tão querida, dona Júlia Cavalcanti.
Sim, senhoras e senhores: dona Zuleika e dona Júlia são mui amigas!
Há muito tempo, eu diria!

A protagonista do romance “ A Neta de Dona Júlia” não titubeou.
Pegou o helicóptero e foi até Itaipava visitar Zuleika em sua mais total solicitude e solidariedade pelo momento delicado em que a milionária atravessava.
Na verdade, dona Júlia vai à Itaipava quatro vezes por ano!
É que ela é paciente da Dra. Danielle Fraser, sua médica pessoal e amiga confidente.

Mas não era sempre que dona Zuleika recebia essa ilustre visita.
As duas se abraçaram, riram, contaram piadas, falaram dos problemas, choraram, jogaram buraco com seu Onofre, assistiram ao DVD da Amy Winehouse que o Adriano esquecera antes de fugir da cidade, enfim, a tarde estava deliciosa entre eles.

Eis que dona Júlia manifestou sua curiosidade:

“ – quero conhecer o matagal de cannabis, Zuleika”!

E lá foram elas, de foice nas mãos, entrando na mata fechada que os galhos de maconha propiciaram. Dona Júlia estava, de fato, bastante impressionada!
A plantação era linda! Resolveu que queria experimentar o tal chá fabuloso!
Beberam, beberam e se deliciaram! Ficaram completamente loucas!

Durante duas horas de conversa, tomaram o caldeirão de chá DELAS, solenemente. Dona Júlia estava tão desorientada que esqueceu que estava a bordo dum helicóptero e queria voltar pro Rio de Janeiro, montada elegantemente, numa carruagem imperial. Riram feito hienas sobre isso!

Dona Júlia descobriu o porquê da amizade tão íntima entre Adriano e Ludmila Cavalcanti. Netos, respectivamente de Zuleika e Júlia.
A verdade era que Ludmila estava fumando maconha artesanal cultivada no haras de sua grande amiga, por intermédio do neto da matriarca dos Munhoz!
Ambos davam festinhas badaladas em seus apartamentos (Ipanema e Leblon).

Outro dia, dona Júlia foi acordada às quatro da manhã, pelo delegado do batalhão de Copacabana, avisando que Ludmila estava detida para uma conversa, porque foi flagrada arrumando confusão numa boate em Ipanema, completamente bêbada e chapada de fumo artesanal.

Era isso, estava tudo esclarecido a respeito desse comportamento alucinado de sua neta. Ludmila não se abria. Quando indagada sobre qualquer coisa, respondia que não queria saber de mais nada e saía pra bater pernas e vadiar com os amigos pelas noites cariocas.

Não havia o que se dizer, então, dona Júlia resolveu fazer tal e qual a sua neta, quis fumar maconha do jeito convencional. Segundo ela, relembraria com isso, os seus tempos em que viveu como hippie numa aldeia aborígene no interior de Goiás.

Ninguém sabia disso até então.

Dona Júlia elaborou um enorme charuto. Pegou o isqueiro, acendeu o baseado e tragou intensamente. Tossiu duas vezes.
Passou o cigarro pra dona Zuleika e disse: “ – é bom, Zu”!

Ambas se refestelaram com o fumo. Ficaram ainda mais enlouquecidas. Riram tão alto que Abigail Novais acendeu a luz do terraço de sua casa, só pra ficar observando a farrinha na casa de Zuleika.
A hora de Abigail estava chegando, jurou indignada, Zuleika, enquanto dava outra baforada no charuto de cannabis.

Bateu a larica nas posudas senhoras de alta classe.

Foi um troço impressionante! As duas, simplesmente, ARRASARAM com tudo o que havia na despensa e na geladeira.
Dona Júlia, dona dum paladar sofisticado, deu preferência aos cookies belgas, ao chocolate suíço e, principalmente, aos frios importados.
Dona Zuleika devorou uma travessa de mini-quibes, coxinhas e enroladinhos de camarão.

Encerraram a noite, trôpegas, brindando com uma garrafa de champanhe francês.

Dona Júlia retornou ao Rio de Janeiro acreditando que o seu helicóptero, era na verdade, um disco voador supersônico e intergaláctico.
Virou a piada interna entre as duas loucas de pedra.

Dona Salete é quem mais tem sofrido com a notícia de que o matagal será incinerado; arrancado pela raiz. Ela pediu que dona Zuleika estocasse uma boa quantidade de ervas na despensa, que é pra depois que se suceder a desgraceira, elas ficarem abastecidas pelo menos por alguns meses, evitando assim, que se privem de apreciar o seus novos hábitos adquiridos!

No dia combinado para a incineração da maconha, isso seria feito na manhã de sexta, em dois tonéis de petróleo desativados, dona Zuleika abriu as janelas de seu quarto e ficou lá do alto, apreciando pela última vez, a paisagem verde propiciada pelo farto roçado cultivado indevidamente!

Entristecida, melancólica, arrasada totalmente, por tudo, principalmente, pelo fato de que o seu tão amado neto Adriano, provocara em sua família um dos maiores golpes possíveis, um escândalo que repercutiu até na imprensa.
A decepção pela conduta do neto foi tão grande, que dona Zuleika ficou deprimida.

Sofrida, ela não se conformava com a realidade! Adriano foi indiciado por cultivo ilegal de planta proibida, associação ao tráfico de entorpecentes, formação de quadrilha e manipulação terapêutica da erva cannabis.
E encontra-se foragido até hoje!
Ouviu-se rumores de que ele foi visto na Bolívia, mas ninguém quer saber de mais nada quando se toca no assunto!

A maconha cultivada no Haras de dona Zuleika era diferente das outras!
A planta foi manipulada em laboratório e, geneticamente modificada, seu efeito era potencializado cerca de 80 % a mais do que a convencional!

Isso explica o fato de que as senhoras ficam completamente fora si quando tomam o caldeirãozinho de chá DELAS.
E a rapaziada?
Nossa, eram festas encharcadas de churrasco, cerveja e fumaceira todo fim de semana! E a zoação era uníssona.
Mas agora, a realidade se mostrara bem mais dura e desoladora.
Seus nervos andavam em frangalhos, ultimamente.

A livrança dela, é que Seu Onofre; todas às tardes ia até o matagal e colhia uma farta seleta de folhas, troncos e botões da recriminada planta, para que assim, ela fizesse o seu caldeirãozinho de chá e ficasse um tanto mais tranquila e relaxada!

O problema era que dona Zuleika estava ficando cada vez mais desorientada.
As ‘ondas’ que o chá provoca, estavam muito mais acentuadas, fazendo com que a nobre senhora da alta sociedade ficasse totalmente enlouquecida e alucinada, vagando de um lado pro outro da mansão e que, a exemplo do neto, passou a promover churrascos durante a semana, com direito a muita picanha, peixe assado na brasa, caldeirada de camarão, drumet’s de frango, pernil suíno, carne de avestruz ao molho de manga com hortelã, enfim, a mesa estava sempre muito farta durante as comemorações de dona Zuleika e suas amigas.

A série de comilanças prosseguiu acontecendo semanalmente: as terças, quintas, sábados e domingos! O cardápio estava cada vez mais variado e sofisticado.
Tornou-se comum, durante os lanches vespertinos, ter caviar e escargot sendo degustados com limão e pão sírio!

Mirtes como sempre, muito calorenta, paranoica e boa de garfo. Comia feito uma leoa em tempos de amamentação.
Foi advertida por Tia Lourdes semana passada:

“ – olha Mirtes, você fecha essa boca! Tá comendo feito uma leitoa!
Você não tem carro, viaja sempre de van para os lugares, se controla, minha querida! Fica comendo feito bicho, depois fica atrapalhando as outras pessoas ”!

Tia Lourdes tem uma preocupação exagerada com dieta!
Ela faz ginástica todas às manhãs e faz um esforço danado para que as suas laricas sejam comedidas!

Nesse dia, ela finalizou a alfinetada em Mirtes com a seguinte conclusão:

“ – eu acho que gordo deveria pagar duas passagens”!

Mirtes ficou pálida com a sugestão de Tia Lourdes e num fio de voz, perguntou:

“ - tô gorda; é”?

Dona Salete estava visivelmente mais roliça! E isso se explica – ela é uma das mais esfomeadas do grupo. As laricas de dona Salete eram tão avassaladoras, que uma vez elas estavam num restaurante, completamente transtornadas (tomaram um caldeirão de chá da dita erva), e havia um grupo de empresários na mesa ao lado saboreando uma cascata de camarão e ela não conseguiu esperar.
Foi até a mesa onde os executivos estavam sentados e indagou:

- “Senhores, eu sou Salete Mercadante; estou morta de fome, e com uma boca tão seca, meu Deus como eu tô com uma boca seca”!?

Um distinto cavalheiro cedeu uma tulipa de chopp pra que dona Salete se refestelasse! Ela virou tudo num gole só, chegando a ficar com aquele bigodinho de espuma ao redor dos lábios.
Exclamou agradecida; um sonoro: “ – ahhhhh”!

E continuou a narrativa:

“ – eu e as minhas amigas ali, oh ( e apontou para as outras senhoras, que estavam tão chapadas, que por pouco não se meteram debaixo da mesa, fingindo não terem sido percebidas), tomamos um chazinho Xamânico duma erva proibida, os senhores compreendem? E estou enlouquecida de fome! Quero a sua cascata de camarões agora, peço outra pros senhores, mas pelo amor de Deus, saciem a fome duma pobre senhora”!

Bem, com um pedido desses, os senhores à mesa, ficaram super constrangidos e também bastante solidários pelo estado em que Salete se encontrava!
Ela não dizia coisa com coisa, zanzava catatônica pelo salão nobre do restaurante e em alguns momentos, cambaleava e caía na risada depois.
Eles cochicharam meia dúzia de palavras entre si e cederam:

“ – Sim, dona Salete Mercadante, a Senhora pode sim, levar a cascata de camarões, sem problemas! Bom apetite”!

Assim que Salete pegou as travessas de camarão, saiu serelepe em direção as amigas e berrou:

“- encham a BARRIGA, suas finas”!

Os empresários se entreolharam perplexos! Riram muito quando um deles deu o veredito: “- ela tá DOIDA”!

Os hippies e os artistas mambembes que estão instalados em Itaipava ficaram indóceis ao saberem sobre a queimada da plantação ilícita do haras de dona Zuleika.
Trataram de se certificarem a respeito de que horas seria a queimada, para que fossem; é claro, pra lá, fazerem os seus protestos e absorverem um pouco daquele defumador espesso!

Os circenses se encontraram num campinho de futebol, com um grupo de atores de teatro que estavam em cartaz em Itaipava, também com uns malabaristas de rua e outra meia dúzia de exotéricos e, se dirigiram afoitos e ansiosos, para o local onde as toneladas de maconha seriam incineradas.

Voltaram chapados, atordoados, vagando pelas ruas feito um bando de zumbis.
Riam, rolavam pelo chão, brincavam de pique a céu aberto, um alarido jocoso e ritmado! Teve um ator que era capoeirista e, do nada, o cara começou a tocar berimbau no meio da roda.

Nesse dia, as lanchonetes de Itaipava faturaram alto.
A pastelaria chinesa que fica no centro; teve o seu estoque de salgados e sanduíches esgotados em meia hora.
Os artistas estavam padecendo de uma larica homérica.
Foi de tudo: joelho (queijo e presunto), coxinhas, pastéis (de forno) de queijo com catupiry, folhados de peito de peru defumado, quibes, risole de camarão, bolinho de aipim com carne seca, pão de batata recheada com carne de hambúrguer e molho pomarola e várias garrafas de Coca Cola para refrescar a sede a ajudar a degustação da rapaziada esperta e, super descolada.

Caldo de cana também foi muito pedido à mesa.

Na saída, a rapaziada ainda arrematou pipocas diversas, como se estivessem refugiando-se do holocausto. Seu Marcelino ficou com os bolsos cheios de grana.
O carrinho esvaziou em uma hora. Foi de tudo: pipoca doce mergulhada na calda de chocolate, com bastante leite condensado escorrendo pela borda do saquinho, e a tradicional salgada, com bastante bacon, sazon de legumes e queijo parmesão ralado praqueles que apreciavam. (eu detesto queijo ralado)!

Chegou a hora do acerto de contas entre dona Zuleika Munhoz e Abigail Novais, a vizinha arqui-inimiga e fofoqueira.
Zuleika abriu o portão da casa de Abigail e foi entrando sem se anunciar.
Assustada com o barulho do portão batendo, Abigail se desesperou:

“ – você não pode invadir a minha casa, sua cretina”!

Zuleika estava em direção à cozinha, ávida pelo duelo:

“ – eu vou te dar, sua vadia, a coça que estás merecendo a uns quatro anos”!

Apavorada, Abigail Novais, encolhida próxima ao armário de louças, ainda tentou ameaçar a oponente:

“ – eu vou chamar a polícia, te acusando por invasão de domicílio”!

Zuleika debochou:

“ – não vai ser preciso, MEU AMOR,
eu não levarei mais que dez minutos aqui nesse pardieiro”!

E antes que Abigail pudesse piscar os olhos, sentiu a primeira bofetada lhe estalar o meio da cara! Cambaleante, deu de costas no armário, provocando um estrondo violento!
Várias taças, copos, xícaras e pires, despedaçaram-se!

Zuleika encurralou a rival e, golpeou seguidamente, outros sete bofetões!
Enquanto surrava Abigail, gritava:

“ – toma, sua vaca! Eu mato você, sua cachorra”!

Abigail estava sangrando no supercílio e no lábio inferior direito!
Gemia de dor e, aos gritos, suplicava para que não apanhasse mais.
Tentou um movimento brusco, e acertou um chute na barriga de Zuleika, que recuou meio metro, até ser empurrada novamente contra o móvel, causando outro quebra-quebra em sua coleção de cristais!

Dessa vez, Abigail Novais caiu. E foi chutada nas costelas, quatro vezes!
Dona Zuleika calçava um scarpin vermelho, e presumo; que os pontapés devem ter doído pra cacete!

Imobilizada pelas mãos, Abigail estava por baixo! Zuleika, ainda enfurecida, encerrou a surra esbofeteando a megera pelo menos outras cinco vezes!

Os gritos de Abigail eram abafados a cada novo tabefe! E ainda tinha os binóculos!

Zuleika perguntou: “ – e aqueles malditos binóculos, hein”?

Abigail apenas apontou o dedo na direção da mesa de jantar!

Zuleika foi até a área de serviços, pegou um martelo de pequeno porte e espatifou os binóculos em mil pedaços. E ironizou:

“ – agora que quero ver, sua vaca, se você vai ficar espionando os acontecimentos do meu haras”!

Serena, Zuleika se refez, e saiu da casa, deixando Abigail caída no chão e com a cara toda arrebentada de porrada.
Disse apenas: “ - au revoir”!

E seguiu caminhando solenemente em direção ao haras, como se não estivesse acontecido NADA.
Justiça determina destruição do matagal de dona Zuleika em Itaipava!

A campainha tocou na tarde de ontem na mansão de dona Zuleika Munhoz em Itaipava. 
Era Albertino Queirós, oficial de justiça, levando consigo um mandado judicial que decretava: a plantação de maconha transgênica, cultivada ilegalmente em seu haras, deveria ser totalmente destruída nos próximos dias. 
E Adriano, neto de dona Zuleika, continuava foragido da justiça por tamanha faceta aprontada. 

O clima era de tristeza e consternação. 
Dona Zuleika ficou chorosa após a intimação. 
Ligou para sua velha amiga, tão querida, dona Júlia Cavalcanti. 
Sim, senhoras e senhores: dona Zuleika e dona Júlia são mui amigas! 
Há muito tempo, eu diria!

A protagonista do romance “ A Neta de Dona Júlia” não titubeou. 
Pegou o helicóptero e foi até Itaipava visitar Zuleika em sua mais total solicitude e solidariedade pelo momento delicado em que a milionária atravessava. 
Na verdade, dona Júlia vai à Itaipava quatro vezes por ano! 
É que ela é paciente da Dra. Danielle Fraser, sua médica pessoal e amiga confidente.

Mas não era sempre que dona Zuleika recebia essa ilustre visita. 
As duas se abraçaram, riram, contaram piadas, falaram dos problemas, choraram, jogaram buraco com seu Onofre, assistiram ao DVD da Amy Winehouse que o Adriano esquecera antes de fugir da cidade, enfim, a tarde estava deliciosa entre eles. 

Eis que dona Júlia manifestou sua curiosidade: 

“ – quero conhecer o matagal de cannabis, Zuleika”! 

E lá foram elas, de foice nas mãos, entrando na mata fechada que os galhos de maconha propiciaram. Dona Júlia estava, de fato, bastante impressionada!
A plantação era linda! Resolveu que queria experimentar o tal chá fabuloso!
Beberam, beberam e se deliciaram! Ficaram completamente loucas! 

Durante duas horas de conversa, tomaram o caldeirão de chá DELAS, solenemente. Dona Júlia estava tão desorientada que esqueceu que estava a bordo dum helicóptero e queria voltar pro Rio de Janeiro, montada elegantemente, numa carruagem imperial. Riram feito hienas sobre isso!

Dona Júlia descobriu o porquê da amizade tão íntima entre Adriano e Ludmila Cavalcanti. Netos, respectivamente de Zuleika e Júlia. 
A verdade era que Ludmila estava fumando maconha artesanal cultivada no haras de sua grande amiga, por intermédio do neto da matriarca dos Munhoz! 
Ambos davam festinhas badaladas em seus apartamentos (Ipanema e Leblon).

Outro dia, dona Júlia foi acordada às quatro da manhã, pelo delegado do batalhão de Copacabana, avisando que Ludmila estava detida para uma conversa, porque foi flagrada arrumando confusão numa boate em Ipanema, completamente bêbada e chapada de fumo artesanal. 

Era isso, estava tudo esclarecido a respeito desse comportamento alucinado de sua neta. Ludmila não se abria. Quando indagada sobre qualquer coisa, respondia que não queria saber de mais nada e saía pra bater pernas e vadiar com os amigos pelas noites cariocas.

Não havia o que se dizer, então, dona Júlia resolveu fazer tal e qual a sua neta, quis fumar maconha do jeito convencional. Segundo ela, relembraria com isso, os seus tempos em que viveu como hippie numa aldeia aborígene no interior de Goiás.

Ninguém sabia disso até então.

Dona Júlia elaborou um enorme charuto. Pegou o isqueiro, acendeu o baseado e tragou intensamente. Tossiu duas vezes. 
Passou o cigarro pra dona Zuleika e disse: “ – é bom, Zu”!

Ambas se refestelaram com o fumo. Ficaram ainda mais enlouquecidas. Riram tão alto que Abigail Novais acendeu a luz do terraço de sua casa, só pra ficar observando a farrinha na casa de Zuleika. 
A hora de Abigail estava chegando, jurou indignada, Zuleika, enquanto dava outra baforada no charuto de cannabis. 

Bateu a larica nas posudas senhoras de alta classe.

Foi um troço impressionante! As duas, simplesmente, ARRASARAM com tudo o que havia na despensa e na geladeira. 
Dona Júlia, dona dum paladar sofisticado, deu preferência aos cookies belgas, ao chocolate suíço e, principalmente, aos frios importados. 
Dona Zuleika devorou uma travessa de mini-quibes, coxinhas e enroladinhos de camarão.

Encerraram a noite, trôpegas, brindando com uma garrafa de champanhe francês.

Dona Júlia retornou ao Rio de Janeiro acreditando que o seu helicóptero, era na verdade, um disco voador supersônico e intergaláctico. 
Virou a piada interna entre as duas loucas de pedra.

Dona Salete é quem mais tem sofrido com a notícia de que o matagal será incinerado; arrancado pela raiz. Ela pediu que dona Zuleika estocasse uma boa quantidade de ervas na despensa, que é pra depois que se suceder a desgraceira, elas ficarem abastecidas pelo menos por alguns meses, evitando assim, que se privem de apreciar o seus novos hábitos adquiridos!

No dia combinado para a incineração da maconha, isso seria feito na manhã de sexta, em dois tonéis de petróleo desativados, dona Zuleika abriu as janelas de seu quarto e ficou lá do alto, apreciando pela última vez, a paisagem verde propiciada pelo farto roçado cultivado indevidamente!

Entristecida, melancólica, arrasada totalmente, por tudo, principalmente, pelo fato de que o seu tão amado neto Adriano, provocara em sua família um dos maiores golpes possíveis, um escândalo que repercutiu até na imprensa. 
A decepção pela conduta do neto foi tão grande, que dona Zuleika ficou deprimida.

Sofrida, ela não se conformava com a realidade! Adriano foi indiciado por cultivo ilegal de planta proibida, associação ao tráfico de entorpecentes, formação de quadrilha e manipulação terapêutica da erva cannabis. 
E encontra-se foragido até hoje! 
Ouviu-se rumores de que ele foi visto na Bolívia, mas ninguém quer saber de mais nada quando se toca no assunto!

A maconha cultivada no Haras de dona Zuleika era diferente das outras! 
A planta foi manipulada em laboratório e, geneticamente modificada, seu efeito era potencializado cerca de 80 % a mais do que a convencional!

Isso explica o fato de que as senhoras ficam completamente fora si quando tomam o caldeirãozinho de chá DELAS. 
E a rapaziada? 
Nossa, eram festas encharcadas de churrasco, cerveja e fumaceira todo fim de semana! E a zoação era uníssona. 
Mas agora, a realidade se mostrara bem mais dura e desoladora. 
Seus nervos andavam em frangalhos, ultimamente.

A livrança dela, é que Seu Onofre; todas às tardes ia até o matagal e colhia uma farta seleta de folhas, troncos e botões da recriminada planta, para que assim, ela fizesse o seu caldeirãozinho de chá e ficasse um tanto mais tranquila e relaxada!

O problema era que dona Zuleika estava ficando cada vez mais desorientada. 
As ‘ondas’ que o chá provoca, estavam muito mais acentuadas, fazendo com que a nobre senhora da alta sociedade ficasse totalmente enlouquecida e alucinada, vagando de um lado pro outro da mansão e que, a exemplo do neto, passou a promover churrascos durante a semana, com direito a muita picanha, peixe assado na brasa, caldeirada de camarão, drumet’s de frango, pernil suíno, carne de avestruz ao molho de manga com hortelã, enfim, a mesa estava sempre muito farta durante as comemorações de dona Zuleika e suas amigas. 

A série de comilanças prosseguiu acontecendo semanalmente: as terças, quintas, sábados e domingos! O cardápio estava cada vez mais variado e sofisticado. 
Tornou-se comum, durante os lanches vespertinos, ter caviar e escargot sendo degustados com limão e pão sírio!

Mirtes como sempre, muito calorenta, paranoica e boa de garfo. Comia feito uma leoa em tempos de amamentação. 
Foi advertida por Tia Lourdes semana passada: 

“ – olha Mirtes, você fecha essa boca! Tá comendo feito uma leitoa! 
Você não tem carro, viaja sempre de van para os lugares, se controla, minha querida! Fica comendo feito bicho, depois que fica atrapalhando as outras pessoas ”! 

Tia Lourdes tem uma preocupação exagerada com dieta! 
Ela faz ginástica todas às manhãs e faz um esforço danado para que as suas laricas sejam comedidas!

Nesse dia, ela finalizou a alfinetada em Mirtes com a seguinte conclusão: 

“ – eu acho que gordo deveria pagar duas passagens”!

Mirtes ficou pálida com a sugestão de Tia Lourdes e num fio de voz, perguntou: 

“ - tô gorda; é”?

Dona Salete estava visivelmente mais roliça! E isso se explica – ela é uma das mais esfomeadas do grupo. As laricas de dona Salete eram tão avassaladoras, que uma vez elas estavam num restaurante, completamente transtornadas (tomaram um caldeirão de chá da dita erva), e havia um grupo de empresários na mesa ao lado saboreando uma cascata de camarão e ela não conseguiu esperar. 
Foi até a mesa onde os executivos estavam sentados e indagou:

- “Senhores, eu sou Salete Mercadante; estou morta de fome, e com uma boca tão seca, meu Deus como eu tô com uma boca seca”!?

Um distinto cavalheiro cedeu uma tulipa de chopp pra que dona Salete se refestelasse! Ela virou tudo num gole só, chegando a ficar com aquele bigodinho de espuma ao redor dos lábios. 
Exclamou agradecida; um sonoro: “ – ahhhhh”!

E continuou a narrativa: 

“ – eu e as minhas amigas ali, oh ( e apontou para as outras senhoras, que estavam tão chapadas, que por pouco não se meteram debaixo da mesa, fingindo não terem sido percebidas), tomamos um chazinho Xamânico duma erva proibida, os senhores compreendem? E estou enlouquecida de fome! Quero a sua cascata de camarões agora, peço outra pros senhores, mas pelo amor de Deus, saciem a fome duma pobre senhora”!

Bem, com um pedido desses, os senhores à mesa, ficaram super constrangidos e também bastante solidários pelo estado em que Salete se encontrava! 
Ela não dizia coisa com coisa, zanzava catatônica pelo salão nobre do restaurante e em alguns momentos, cambaleava e caía na risada depois.
Eles cochicharam meia dúzia de palavras entre si e cederam:

“ – Sim, dona Salete Mercadante, a Senhora pode sim, levar a cascata de camarões, sem problemas! Bom apetite”!

Assim que Salete pegou as travessas de camarão, saiu serelepe em direção as amigas e berrou:

“- encham a BARRIGA, suas finas”!

Os empresários se entreolharam perplexos! Riram muito quando um deles deu o veredito: “- ela tá DOIDA”!

Os hippies e os artistas mambembes que estão instalados em Itaipava ficaram indóceis ao saberem sobre a queimada da plantação ilícita do haras de dona Zuleika.
Trataram de se certificarem a respeito de que horas seria a queimada, para que fossem; é claro, pra lá, fazerem os seus protestos e absorverem um pouco daquele defumador espesso!

Os circenses se encontraram num campinho de futebol, com um grupo de atores de teatro que estavam em cartaz em Itaipava, também com uns malabaristas de rua e outra meia dúzia de exotéricos e, se dirigiram afoitos e ansiosos, para o local onde as toneladas de maconha seriam incineradas. 

Voltaram chapados, atordoados, vagando pelas ruas feito um bando de zumbis. 
Riam, rolavam pelo chão, brincavam de pique a céu aberto, um alarido jocoso e ritmado! Teve um ator que era capoeirista e, do nada, o cara começou a tocar berimbau no meio da roda.

Nesse dia, as lanchonetes de Itaipava faturaram alto. 
A pastelaria chinesa que fica no centro; teve o seu estoque de salgados e sanduíches esgotados em meia hora. 
Os artistas estavam padecendo de uma larica homérica. 
Foi de tudo: joelho (queijo e presunto), coxinhas, pastéis (de forno) de queijo com catupiry, folhados de peito de peru defumado, quibes, risole de camarão, bolinho de aipim com carne seca, pão de batata recheada com carne de hambúrguer e molho pomarola e várias garrafas de Coca Cola para refrescar a sede a ajudar a degustação da rapaziada esperta e, super descolada. 

Caldo de cana também foi muito pedido à mesa.

Na saída, a rapaziada ainda arrematou pipocas diversas, como se estivessem refugiando-se do holocausto. Seu Marcelino ficou com os bolsos cheios de grana. 
O carrinho esvaziou em uma hora. Foi de tudo: pipoca doce mergulhada na calda de chocolate, com bastante leite condensado escorrendo pela borda do saquinho, e a tradicional salgada, com bastante bacon, sazon de legumes e queijo parmesão ralado praqueles que apreciavam. (eu detesto queijo ralado)!

Chegou a hora do acerto de contas entre dona Zuleika Munhoz e Abigail Novais, a vizinha arqui-inimiga e fofoqueira. 
Zuleika abriu o portão da casa de Abigail e foi entrando sem se anunciar. 
Assustada com o barulho do portão batendo, Abigail se desesperou: 

“ – você não pode invadir a minha casa, sua cretina”! 

Zuleika estava em direção à cozinha, ávida pelo duelo: 

“ – eu vou te dar, sua vadia, a coça que estás merecendo a uns quatro anos”!

Apavorada, Abigail Novais, encolhida próxima ao armário de louças, ainda tentou ameaçar a oponente: 

“ – eu vou chamar a polícia, te acusando por invasão de domicílio”!

Zuleika debochou: 

“ – não vai ser preciso, MEU AMOR, 
eu não levarei mais que dez minutos aqui nesse pardieiro”!

E antes que Abigail pudesse piscar os olhos, sentiu a primeira bofetada lhe estalar o meio da cara! Cambaleante, deu de costas no armário, provocando um estrondo violento! 
Várias taças, copos, xícaras e pires, despedaçaram-se! 

Zuleika encurralou a rival e, golpeou seguidamente, outros sete bofetões!
Enquanto surrava Abigail, gritava: 

“ – toma, sua vaca! Eu mato você, sua cachorra”! 

Abigail estava sangrando no supercílio e no lábio inferior direito! 
Gemia de dor e, aos gritos, suplicava para que não apanhasse mais. 
Tentou um movimento brusco, e acertou um chute na barriga de Zuleika, que recuou meio metro, até ser empurrada novamente contra o móvel, causando outro quebra-quebra em sua coleção de cristais!

Dessa vez, Abigail Novais caiu. E foi chutada nas costelas, quatro vezes! 
Dona Zuleika calçava um scarpin vermelho, e presumo; que os pontapés devem ter doído pra cacete!

Imobilizada pelas mãos, Abigail estava por baixo! Zuleika, ainda enfurecida, encerrou a surra esbofeteando a megera pelo menos outras cinco vezes!

Os gritos de Abigail eram abafados a cada novo tabefe! E ainda tinha os binóculos!

Zuleika perguntou: “ – e aqueles malditos binóculos, hein”?

Abigail apenas apontou o dedo na direção da mesa de jantar!

Zuleika foi até a área de serviços, pegou um martelo de pequeno porte e espatifou os binóculos em mil pedaços. E ironizou:

“ – agora que quero ver, sua vaca, se você vai ficar espionando os acontecimentos do meu haras”!

Serena, Zuleika se refez, e saiu da casa, deixando Abigail caída no chão e com a cara toda arrebentada de porrada. 
Disse apenas: “ - au revoir”!

E seguiu caminhando solenemente em direção ao haras, como se não estivesse acontecido NADA.

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