sábado, 13 de abril de 2013

Sofia avança farol vermelho e bate no carro de Rodrigo!


Pra quem vive em grandes metrópoles como São Paulo ou Rio de Janeiro, o trânsito caótico deixou de ser novidade, faz tempo. 
Os motoristas ficam presos em engarrafamentos intermináveis por horas a fio e, com isso, o tráfego intenso estressa todo mundo.

Mas aqui em Araruama, olha; a gente só sabia o quê era engarrafamento quando assistia pela Tv. Nunca teve disso por aqui, a não ser, é claro, em temporadas de fim de ano, carnaval e semana santa, certo?

Pois é, ou melhor, era!

Se você parar e observar, vai se dar conta, de que basta pôr os pés fora de casa, dar uma circulada pelas ruas do centro e pronto. Vai ter problemas para encontrar vaga (estacionamento) e trafegará no ritmo da preguiça.

Dona Júlia Cavalcanti, protagonista do romance que estou escrevendo, me disse por telefone, que se morasse por aqui, deixaria os carros de lado e usaria uma carruagem imperial.

Segundo ela, os cavalos são bem mais fáceis de ser conduzidos, e no horário de pico, mais velozes do qualquer carro de passeio.
Ah, fora que não precisaria pagar pelo estacionamento!
Serviria apenas água mineral pros bissotes, a cada hora, e tudo estaria resolvido.

Eu dei risada e fiquei imaginando a cena (uma senhora de fino trato, sendo conduzida por seu cocheiro uniformizado com fraque ou casaca, tocando os cavalos pela Avenida Nilo Peçanha).

Já Luíza Sampaio, depois da quinta dose de whisky; me disse que o problema em relação ao aumento da frota em todas as cidades, se deu por conta da redução do IPI.

Mal humorada, ela completou:

“ - agora todo mundo desfila de carro e sai barbarizando por tudo o que é canto”!

Em se tratando de Sofia, retomo o fio da meada!
É sobre ela; os seus anseios e, principalmente, sobre a sua rotina atribulada que esta narrativa se desenvolve.
Sendo assim, se você, caro leitor, estava com a testa franzida pela irritação e também pela curiosidade, respire fundo!

Eu vou contar de maneira bastante clara o ocorrido. (o quase desastre dessa Sofia, não criada por Clarice Lispector, mas bastante interessante).

Sofia tem uma rotina bastante complicada. Mora em Araruama, no bairro da Pontinha, trabalha num banco em Saquarema e à noite faz um curso de especialização em Cabo Frio.
Vive numa corrida alucinante contra o relógio.

Reclama o tempo todo que não tem tempo pra nada, que é uma odisseia conseguir um encaixe no cabeleireiro, no acupunturista, dentista e outra centena de afazeres indispensáveis.

Outro dia, assoberbada de trabalho, deu um escândalo com o dono da clínica veterinária porque ele se esqueceu de buscar o seu cãozinho Dolly, para a tosa mensal.
A situação foi tão tensa, que Sofia parecia cega mediante os próprios olhos, só conseguia gritar, gesticular e ameaçava a cada cinco minutos, quebrar a clínica do Dr. Otávio.

Quer dizer, com um turbilhão de coisas pra fazer, Sofia acaba extravasando sua tensão na estrada, enquanto dirige, (sempre em alta velocidade).
E ignora terminantemente às recomendações por cautela, vindas dos seus pais e também dos amigos. Sempre argumenta:

“ – a vida é agora, meu amor! E pede pressa! Tenho que correr contra o tempo, afinal de contas, tempo é dinheiro e; se tem uma coisa que eu gosto muito é de dinheiro”!

Em se tratando do Rodrigo, a vida desse cara percorre um caminho bem mais tranquilo! Ele tem vinte e oito anos, é formado em publicidade, porém não exerce.
Vive de brisa! Mas é totalmente do bem!
Tem gestos comedidos, e quando proseia, imprime certa malemolência no tom de voz, sabe?

Suas grandes paixões são: as mulheres bonitas, os cavalos de raça da fazenda de seus pais e, óbvio, o gosto por caminhonetes importadas e personalizadas a contento.

Não é aquele tipo de cara que frequenta academia, porém, faz questão de manter a boa forma se alimentando de maneira equilibrada, praticando natação e kite Surf.


Certamente, Rodrigo e Sofia já devem ter cruzado um pelo outro na orla da Lagoa de Araruama. (ele pratica Kite ali pelos arredores do Clube Náutico).
E, claro; não se perceberam mediante o frenesi que a vida os impunha.
Mas o destino lhes pregaria uma peça e tanto, podem acreditar!

Quarta feira retrasada, quatro da tarde, Sofia estava de folga e voltava de Praia Seca. Como de costume, pisava fundo no acelerador, estabelecendo uma corrida frenética contra o próprio tempo. Ouvia musica, fumava e, às vezes, falava ao celular. Isso tudo, a pelo menos (140 Km).

Resolveu entrar na cidade, precisava trocar umas peças de roupas recém-compradas no shopping.

Estava afoita e meia hora depois, trafegava pela Av. Getúlio Vargas, buzinando e desviando dos outros carros como se fosse uma piloto de fuga!
Naquela reta que compreende a esquina da joalheria até a rodoviária, Sofia acelerou.
Não havia empecilhos diante o percurso.

O airbag sofisticado do carro importado de ultima geração (Hynday Veloster); foi relevante à sobrevivência de Sofia. Com um ferimento aberto no supercílio esquerdo, ela gemia de dor enquanto aguardava a chegada do SAMU, porém, mesmo ensanguentada, se mantinha aos gritos, insistindo em culpar Rodrigo, por ser o causador daquela batida tão estúpida, quando na verdade, a culpa tinha sido inteiramente sua.

As testemunhas garantiram aos policiais que Sofia realmente dirigia em alta velocidade, enquanto gritava ao celular, ignorando por completo o farol vermelho, quando atingiu em cheio, a caminhonete do Rodrigo, bem na porta do motorista, provocando um estrondo violento, espatifando vidros e outros estilhaços por todos os lugares, causando pânico e gritaria aos que transitavam pelos arredores.

A perícia técnica foi contundente. Rodrigo rodeava a rodoviária, o farol eletrônico estava verde e ele seguia sossegado, conduzindo a sua caminhonete, quando exatamente ali, no cruzamento entre a farmácia e a pastelaria chinesa, houve o choque.

Não deu tempo pra sequer, pensar em recuar.

As donas de casa que aguardavam seus ônibus; ficaram tão atordoadas pelo impacto da colisão, que enlouquecidas, abandonaram os seus pertences e puseram os dentes pra fora, gritando por socorro imediato!

Rodrigo, apesar de aborrecido pelos estragos provocados a sua caminhonete, estava são e salvo, sem um arranhão sequer, se mantinha calmo e, a todo instante, tentava negociar com Sofia!

Alertou aos policiais que não pretendia processa-la.

Mas nada disso foi suficiente para que a loira ensandecida se aquietasse.
Ela se mantinha furiosa, gritando, xingando Rodrigo de todas as maneiras:

“ – você é um playboyzinho safado, isso sim! Olha o que você fez no meu rosto!
Serei uma mulher feia, a partir de agora! Não quero saber de mais nada, você vai ter que pagar por isso, inclusive, pela cirurgia plástica”!

Rodrigo afirmou que tudo ficaria bem, a seguradora se encarregaria de todos os custos, e que ele não iria deixar de prestar assistência, ainda que a responsável por aquela mini desgraça fosse ela, somente ela.

E galante, completou: “ – você é uma mulher linda, isso foi um machucadinho à toa, vai sarar, você vai ver”!

Uma senhora rabugenta que assistia a tudo, comentou com a outra:

“ – o cara tá pouco se lixando pra porra do prejuízo que teve, ele tá cheio de segundas intenções com a loirinha peituda, olha só, minha querida”!

E realmente estava.
Até os policiais perceberam que Rodrigo se esforçava em agradar Sofia.
Era como se, de repente, o acidente não tivesse a menor importância e que a partir dali, algo muito grandioso e formidável estivesse prestes a acontecer.

A ambulância chegou uma hora depois.
Sofia foi levada para um hospital particular, sob-recomendações do próprio Rodrigo.
E se mantinha furiosa: “ – essa sua preocupação toda comigo, é uma maneira disfarçada de assumir a própria culpa, seu malandro”!

Sofia levou cinco pontos no supercílio e foi submetida a uma série de exames! Felizmente, não aconteceu nada grave. Ela estava em perfeitas condições de saúde. Teria alta clínica logo em seguida!

Na verdade, o que Sofia queria, de fato, era se safar; bancar a coitadinha; sabe? Tanto que a primeira coisa que disse para a mãe, ainda no hospital foi:

“ – Mãe, eu fiz uma merda astronômica”!

Ouviu-se três batidinhas na porta!
Rodrigo adentrou com um ramalhete de girassóis entre os braços e disse:

“- esses girassóis são pra você, dourados feito o sol, brilhantes feito os seus fios de cabelo”!

Sofia não se fez de rogada:

“ – pra você é muito fácil, né?
Me traz uma braçada de flores e acha que vou adocicar pro seu lado, é”?

Aborrecido, ele respondeu: “ – só quis ser gentil, mas se você não consegue ao menos ter educação, então, vá...”!

Antes que o palavrão saísse, foi interrompido:
“ – como ficou sabendo que essas são as minhas flores favoritas, hein”?

Rodrigo deu um sorriso e saiu sem dizer uma palavra.

Alguns dias se passaram e nada desses dois se acertarem!
Tiveram vários outros encontros e a cada vez, acontecia uma nova troca de farpas, iniciada, é claro, por Sofia.

Dona Juraci, sua mãe, estava pensando seriamente em encaminha-la a um psiquiatra, mas Sofia, na verdade se divertia com aquele joguinho descabido e sem qualquer senso coerente.

A seguradora enviou outro carro para a bancária, da mesma marca, estalando de tão novo, e nem assim, ela parecia contente.

Durante um telefonema ao Rodrigo, atacou:
“ – você é um sonso, um cretino musculoso metido a esportista, isso sim”!

Ele simplesmente desapareceu. Não tentou nenhum contato!

Na semana seguinte, depois de refletir, acredita-se, Sofia ligou para Rodrigo e sugeriu que se encontrassem, pois precisava se redimir.

O encontro foi anteontem, num restaurante sofisticado na Rua das Pedras, Búzios, litoral norte do Rio de Janeiro.

Sofia estava radiante, sorrindo, dentro dum vestido preto de tule, forrado por um tecido acetinado.

Rodrigo a cumprimentou com um abraço e os típicos dois beijinhos.
E disse subitamente:

“ – Sofia, tudo o que eu mais quero nesse momento é ficar bem com você!
Já pensou no quanto a gente pode aproveitar a companhia um do outro”?

Sofia fitou-o fixamente por alguns segundos, depois esfregou uma palma da mão na outra, abriu um sorriso de canto de boca e disse numa só frase:

“ – eu quero mesmo é transar contigo na cabine da sua caminhonete”!
Sofia avança farol vermelho e bate no carro de Rodrigo!

Pra quem vive em grandes metrópoles como São Paulo ou Rio de Janeiro, o trânsito caótico deixou de ser novidade, faz tempo.  
Os motoristas ficam presos em engarrafamentos intermináveis por horas a fio e, com isso, o tráfego intenso estressa todo mundo. 

Mas aqui em Araruama, olha; a gente só sabia o quê era engarrafamento quando assistia pela Tv. Nunca teve disso por aqui, a não ser, é claro, em temporadas de fim de ano, carnaval e semana santa, certo? 

Pois é, ou melhor, era!
 
Se você parar e observar, vai se dar conta, de que basta pôr os pés fora de casa, dar uma circulada pelas ruas do centro e pronto. Vai ter problemas para encontrar vaga (estacionamento) e trafegará no ritmo da preguiça.
 
Dona Júlia Cavalcanti, protagonista do romance que estou escrevendo, me disse por telefone, que se morasse por aqui, deixaria os carros de lado e usaria uma carruagem imperial. 
 
Segundo ela, os cavalos são bem mais fáceis de ser conduzidos, e no horário de pico, mais velozes do qualquer carro de passeio. 
Ah, fora que não precisaria pagar pelo estacionamento! 
Serviria apenas água mineral pros bissotes, a cada hora, e tudo estaria resolvido.
 
Eu dei risada e fiquei imaginando a cena (uma senhora de fino trato, sendo conduzida por seu cocheiro uniformizado com fraque ou casaca, tocando os cavalos pela Avenida Nilo Peçanha).

Já Luíza Sampaio, depois da quinta dose de whisky; me disse que o problema em relação ao aumento da frota em todas as cidades, se deu por conta da redução do IPI.
 
Mal humorada, ela completou: 

“ - agora todo mundo desfila de carro e sai barbarizando por tudo o que é canto”!

Em se tratando de Sofia, retomo o fio da meada! 
É sobre ela; os seus anseios e, principalmente, sobre a sua rotina atribulada que esta narrativa se desenvolve. 
Sendo assim, se você, caro leitor, estava com a testa franzida pela irritação e também pela curiosidade, respire fundo! 

Eu vou contar de maneira bastante clara o ocorrido. (o quase desastre dessa Sofia, não criada por Clarice Lispector, mas bastante interessante).

Sofia tem uma rotina bastante complicada. Mora em Araruama, no bairro da Pontinha, trabalha num banco em Saquarema e à noite faz um curso de especialização em Cabo Frio. 
Vive numa corrida alucinante contra o relógio. 

Reclama o tempo todo que não tem tempo pra nada, que é uma odisseia conseguir um encaixe no cabeleireiro, no acupunturista, dentista e outra centena de afazeres indispensáveis.  

Outro dia, assoberbada de trabalho, deu um escândalo com o dono da clínica veterinária porque ele se esqueceu de buscar o seu cãozinho Dolly, para a tosa mensal. 
A situação foi tão tensa, que Sofia parecia cega mediante os próprios olhos, só conseguia gritar, gesticular e ameaçava a cada cinco minutos, quebrar a clínica do Dr. Otávio.

Quer dizer, com um turbilhão de coisas pra fazer, Sofia acaba extravasando sua tensão na estrada, enquanto dirige, (sempre em alta velocidade). 
E ignora terminantemente às recomendações por cautela, vindas dos seus pais e também dos amigos.  Sempre argumenta:

“ – a vida é agora, meu amor! E pede pressa! Tenho que correr contra o tempo, afinal de contas, tempo é dinheiro e; se tem uma coisa que eu gosto muito é de dinheiro”!

Em se tratando do Rodrigo, a vida desse cara percorre um caminho bem mais tranquilo! Ele tem vinte e oito anos, é formado em publicidade, porém não exerce.
Vive de brisa! Mas é totalmente do bem! 
Tem gestos comedidos, e quando proseia, imprime certa malemolência no tom de voz, sabe? 

Suas grandes paixões são: as mulheres bonitas, os cavalos de raça da fazenda de seus pais e, óbvio, o gosto por caminhonetes importadas e personalizadas a contento.

Não é aquele tipo de cara que frequenta academia, porém, faz questão de manter a boa forma se alimentando de maneira equilibrada, praticando natação e kite Surf.

 
Certamente, Rodrigo e Sofia já devem ter cruzado um pelo outro na orla da Lagoa de Araruama. (ele pratica Kite ali pelos arredores do Clube Náutico).
E, claro; não se perceberam mediante o frenesi que a vida os impunha. 
Mas o destino lhes pregaria uma peça e tanto, podem acreditar!

Quarta feira retrasada, quatro da tarde, Sofia estava de folga e voltava de Praia Seca. Como de costume, pisava fundo no acelerador, estabelecendo uma corrida frenética contra o próprio tempo. Ouvia musica, fumava e, às vezes, falava ao celular. Isso tudo, a pelo menos (140 Km). 

Resolveu entrar na cidade, precisava trocar umas peças de roupas recém-compradas no shopping.
 
Estava afoita e meia hora depois, trafegava pela Av. Getúlio Vargas, buzinando e desviando dos outros carros como se fosse uma piloto de fuga! 
Naquela reta que compreende a esquina da joalheria até a rodoviária, Sofia acelerou. 
Não havia empecilhos diante o percurso.
 
O airbag sofisticado do carro importado de ultima geração (Hynday Veloster); foi relevante à sobrevivência de Sofia. Com um ferimento aberto no supercílio esquerdo, ela gemia de dor enquanto aguardava a chegada do SAMU, porém, mesmo ensanguentada, se mantinha aos gritos, insistindo em culpar Rodrigo, por ser o causador daquela batida tão estúpida, quando na verdade, a culpa tinha sido inteiramente sua.
 
As testemunhas garantiram aos policiais que Sofia realmente dirigia em alta velocidade, enquanto gritava ao celular, ignorando por completo o farol vermelho, quando atingiu em cheio, a caminhonete do Rodrigo, bem na porta do motorista, provocando um estrondo violento, espatifando vidros e outros estilhaços por todos os lugares, causando pânico e gritaria aos que transitavam pelos arredores.

A perícia técnica foi contundente. Rodrigo rodeava a rodoviária, o farol eletrônico estava verde e ele seguia sossegado, conduzindo a sua caminhonete, quando exatamente ali, no cruzamento entre a farmácia e a pastelaria chinesa, houve o choque. 

Não deu tempo pra sequer, pensar em recuar.
 
As donas de casa que aguardavam seus ônibus; ficaram tão atordoadas pelo impacto da colisão, que enlouquecidas, abandonaram os seus pertences e puseram os dentes pra fora, gritando por socorro imediato!

Rodrigo, apesar de aborrecido pelos estragos provocados a sua caminhonete, estava são e salvo, sem um arranhão sequer, se mantinha calmo e, a todo instante, tentava negociar com Sofia! 

Alertou aos policiais que não pretendia processa-la.

Mas nada disso foi suficiente para que a loira ensandecida se aquietasse. 
Ela se mantinha furiosa, gritando, xingando Rodrigo de todas as maneiras: 

“ – você é um playboyzinho safado, isso sim! Olha o que você fez no meu rosto! 
Serei uma mulher feia, a partir de agora! Não quero saber de mais nada, você vai ter que pagar por isso, inclusive, pela cirurgia plástica”!

Rodrigo afirmou que tudo ficaria bem, a seguradora se encarregaria de todos os custos, e que ele não iria deixar de prestar assistência, ainda que a responsável por aquela mini desgraça fosse ela, somente ela. 

E galante, completou: “ – você é uma mulher linda, isso foi um machucadinho à toa, vai sarar, você vai ver”!

Uma senhora rabugenta que assistia a tudo, comentou com a outra: 

“ – o cara tá pouco se lixando pra porra do prejuízo que teve, ele tá cheio de segundas intenções com a loirinha peituda, olha só, minha querida”!

E realmente estava. 
Até os policiais perceberam que Rodrigo se esforçava em agradar Sofia. 
Era como se, de repente, o acidente não tivesse a menor importância e que a partir dali, algo muito grandioso e formidável estivesse prestes a acontecer.

A ambulância chegou uma hora depois. 
Sofia foi levada para um hospital particular, sob-recomendações do próprio Rodrigo. 
E se mantinha furiosa: “ – essa sua preocupação toda comigo, é uma maneira disfarçada de assumir a própria culpa, seu malandro”!

Sofia levou cinco pontos no supercílio e foi submetida a uma série de exames! Felizmente, não aconteceu nada grave. Ela estava em perfeitas condições de saúde. Teria alta clínica logo em seguida!

Na verdade, o que Sofia queria, de fato, era se safar; bancar a coitadinha; sabe? Tanto que a primeira coisa que disse para a mãe, ainda no hospital foi:
 
“ – Mãe, eu fiz uma merda astronômica”! 

Ouviu-se três batidinhas na porta! 
Rodrigo adentrou com um ramalhete de girassóis entre os braços e disse: 

“- esses girassóis são pra você, dourados feito o sol, brilhantes feito os seus fios de cabelo”!

Sofia não se fez de rogada: 

“ – pra você é muito fácil, né? 
Me traz uma braçada de flores e acha que vou adocicar pro seu lado, é”?

Aborrecido, ele respondeu: “ – só quis ser gentil, mas se você não consegue ao menos ter educação, então, vá...”! 

Antes que o palavrão saísse, foi interrompido:
 “ – como ficou sabendo que essas são as minhas flores favoritas, hein”? 

Rodrigo deu um sorriso e saiu sem dizer uma palavra.

Alguns dias se passaram e nada desses dois se acertarem!  
Tiveram vários outros encontros e a cada vez, acontecia uma nova troca de farpas, iniciada, é claro, por Sofia. 

Dona Juraci, sua mãe, estava pensando seriamente em encaminha-la a um psiquiatra, mas Sofia, na verdade se divertia com aquele joguinho descabido e sem qualquer senso coerente.

A seguradora enviou outro carro para a bancária, da mesma marca, estalando de tão novo, e nem assim, ela parecia contente.
 
Durante um telefonema ao Rodrigo, atacou: 
“ – você é um sonso, um cretino musculoso metido a esportista, isso sim”!

Ele simplesmente desapareceu. Não tentou nenhum contato!
 
Na semana seguinte, depois de refletir, acredita-se, Sofia ligou para Rodrigo e sugeriu que se encontrassem, pois precisava se redimir. 

O encontro foi anteontem, num restaurante sofisticado na Rua das Pedras, Búzios, litoral norte do Rio de Janeiro. 

Sofia estava radiante, sorrindo, dentro dum vestido preto de tule, forrado por um tecido acetinado.
 
Rodrigo a cumprimentou com um abraço e os típicos dois beijinhos. 
E disse subitamente:

“ – Sofia, tudo o que eu mais quero nesse momento é ficar bem com você! 
Já pensou no quanto a gente pode aproveitar a companhia um do outro”?

Sofia fitou-o fixamente por alguns segundos, depois esfregou uma palma da mão na outra, abriu um sorriso de canto de boca e disse numa só frase:

“ – eu quero mesmo é transar contigo na cabine da sua caminhonete”!

domingo, 17 de março de 2013

Aonde existe Amor!!!


A narrativa desta semana, Senhores, é resultado de um encontro muito proveitoso com uma família tipicamente interessante.
Fui apresentado ao casal Marcos Paulo e Adriele, por intermédio de uma amiga em comum, e nos afeiçoamos de imediato!

Mantivemo-nos em contato regular por cerca de seis meses, até eu me sentir finalmente a vontade, a ponto de requisitar uma entrevista, se é que posso classificar assim, o enorme e recíproco prazer de estar na companhia uns dos outros.

Este registro, especificamente, foi sugestão do próprio Marcos, que ao descobrir que eu escrevia; se entusiasmou com a ideia de me contar minúcias sobre a sua vida familiar em comum.
Adriele me cativara à primeira impressão. Uma mulher imensamente simples, porém, extremamente agradável e bem articulada!

Eu havia, descontraidamente, mencionado sobre as minhas pretensões literárias, e ela, de forma sorridente e receptiva, quis saber o que seria necessário, para que eu transformasse, ainda que de maneira resumida, sua saga cotidiana num texto que se encaixasse ao meu projeto.

Foi por e-mail que Adriele e Marcos, preliminarmente, tiveram o primeiro contato com os meus escritos. E eles realmente gostaram! Tanto é que, a cada nova publicação neste espaço, a gente se telefonava e dava muitas risadas por causa dos acontecimentos narrados!

O dia sugerido, para que eu obtivesse as informações necessárias para criar este texto, foi domingo!

Marcos e Adriele me convidaram prum churrasco, exclusivo, na casa onde vivem com os seus quatro filhos: Justin Jackson (10), Ketlen Ohara (8), Jenifer Jolie (6) e Maicon Bieber (3).

Os filhos de Marcos e Adriele Silva são uma graça! Cada um a seu modo, são extremamente sapecas, antenados, curiosos e muito, mas muito inteligentes!
Os nomes das crianças; foram escolhidos de maneira planejada, visando, é claro, homenagear os grandes ídolos apreciados pelo casal.

Cheguei por volta das nove e meia! A manhã ensolarada estava propícia ao que tínhamos em mente: diversão, comidinha, prosa, irreverência, cerveja gelada, vinho tinto e outras seletas variadas de finesses, elaboradas com afinco e total boa vontade!

Foi Justin Jackson quem abriu o portão, gritando aos quatro cantos:
“ – Mãe, tio Will chegou”!

E em poucos minutos, fui abraçado carinhosamente por todos eles e, claro, pela anfitriã, que me ofereceu uma cerveja e a recomendação para que eu me sentisse totalmente em casa!
E foi exatamente assim que fiquei o tempo todo, extremamente à vontade! Marcos estava jogando futebol com os amigos, porém, não tardaria!

Levei doces e guloseimas para a criançada! Eles se refestelaram, obvio, e tiraram um baita sarro da minha cara, todas às vezes, que eu confundia os seus nomes!

Ketlen Ohara estava entretida mexendo no Facebook, enquanto Jenifer Jolie insistia em ajudar a mãe com os preparativos do nosso banquete!
Uma bonequinha, essa guria!

Justin Jackson; assistia um desenho animado no Cartoon e depois resolveu me mostrar o seu novo jogo de futebol, para PlayStation (2).
Maicon Bieber corria pelo quintal atrás do cachorro!

Adriele abriu o freezer e me contemplou com um presente delicadíssimo: três garrafas de vinho tinto (Santa Carolina – Sauvignon Cabernet).
Pensei: “- hoje eu vou me esbaldar”!

Agradeci o mimo, pedindo um saca rolhas e uma taça bem robusta! Acendemos um cigarro e brindamos alegremente o acontecimento feliz, profetizando o nosso bem estar pleno!

Marcos chegou antes do meio dia! Foi extremamente simpático, perguntou se eu estava à vontade, trazia duas caixinhas de cerveja debaixo do braço, e como estava extremamente suado, pôs as cervejas no freezer e partiu pra tomar uma ducha gelada!

Quando falava do Marcos; os olhos de Adriele brilhavam feito duas turmalinas de rara beleza! E repetiu em diversos momentos da conversa, que ele era o “melhor marido do mundo”! No entanto, foi categórica na hora de enumerar a fileira de defeitos que o seu amado possuía, coisas essas, que a irritavam bastante e que serviam de tripé para as discussões esporádicas que rolavam entre eles, ressaltando que, essas brigas aconteciam bem de vez em quando, porque eles passavam a maior parte do tempo (de chamego) mesmo!

E prosseguiu me confidenciando que os hábitos mais reprováveis na conduta do marido eram: respingar a tampa do vaso, nunca lavar os seus copos e pratos, deixar a cueca e a toalha molhadas em cima da cama após o banho e, principalmente, ficar trocando o canal da tv a cada quinze minutos!

Eu dei risadas o tempo todo, porque ela parecia enfezada, sabe?

Mas bastou ele gritar que queria uma cueca e uma toalha secas, ela pediu licença dos nossos assuntos, e foi correndo atender ao chamado de seu macho man!

Acendi um cigarro e fiquei pensando em como são as coisas.
Adrieli tinha uma vida bastante simplória, quatro filhos, um trabalho mediano, ganhava pouco, no entanto, ela me parecia uma mulher muito realizada. Havia me contado que ‘se casou’ com Marcos a contragosto de sua família.

Ela tinha dezesseis anos, cursava o ensino médio e ficou perdidamente apaixonada pelo rapaz mais cantante que trabalhava na obra do prédio em frente à lan house que frequentava. Saiu com ele umas três vezes, deram uns amassos bem quentes pelos muros das construções vizinhas e, isso, foi o bastante para que chegassem a um veredito: dariam um rumo diferente à relação!
E deram, porém, a decisão de ambos causou, a princípio, uma baita confusão!

Seu Américo, pai de Adrieli, um militar aposentado, era um homem bastante rígido; de princípios austeros; por isso, não admitiu de modo algum aquele namoro, alegando de forma preconceituosa, que a relação era descabida, pelo simples fato de o Marcos ser um mero servente de obra, e que ainda por cima, tinha pinta de galã de filme pornochanchada!

Dá pra acreditar nisso?

Não adiantou o velho querer impedir o romance! Suas ameaças mais terríveis foram descartadas pela filha, quinze minutos depois!
Adriele estava apaixonada por aquele homem, não podia esperar mais. Arrumou as suas bolsas e, à surdina, fugiu de casa, deixando apenas um bilhete em cima da mesa, que dizia:

“ – Pai, fui ser feliz com o meu homem! Sua filha saiu do casulo, voa livre e colorida por aí! Adeus”!

Adrieli me contou sem tristeza nenhuma no semblante, que nunca mais falou com o seu pai. Eles não se procuram; não se interessam e estão pouco se lixando se a família precisa ser refeita ou não! Me confidenciou que não sente a menor falta dele, que se tratava de um carrasco, na verdade, jamais um pai afetuoso, desses que todas as filhas anseiam, sabe?

Com a voz embargada, contou que quando era criança, seu Américo dava surras colossais nela e ainda, de quebra, traía e judiava de dona Irene, sua mãe.
Em relação à mãe, ela amenizou, dizendo que elas se cumprimentam na rua, quando, acidentalmente, se deparam uma com a outra e que não guarda nenhum tipo de rancor a seu respeito, porém, não admite a sua passividade, fingindo-se de cega e encobrindo as maracutaias “daquele velho” ao longo dos muitos anos em que estão casados.

Fiquei emocionado com este relato, não sabia o que dizer, segurei as mãos de Adriele, que me puxou prum abraço bastante sincero!
Acabei tomando a minha taça de vinho numa única golada, para não cair aos prantos no meio da conversa, né?

Marcos veio andando até o quintal, pediu licença a mim, e solicitou que Adriele fosse com ele até o quarto para que levassem “um particular”!
Me garantiu que em meia hora, “a parada” estaria resolvida e que eles voltariam pro quintal pra gente continuar conversando e tomando uma cerveja bem gelada.

Concordei e fiquei aguardando, recostado numa rede estendida debaixo de uma frondosa mangueira, motivo de alívio pra toda família, que em dias de forte calor, se abrigavam ali da maneira que melhor convinha.

Abri outra garrafa de vinho e aproveitei para acender um cigarro de palha!

Fiquei pensando numas mil coisas subentendidas por “resolver à parada” em meia hora. Ou eles estavam discutindo alguma pendenga importante e, de repente, ele estava descendo o cacete na mulher ou, na melhor das hipóteses, estavam dando aquela namoradinha clássica de domingo, pós-futebol com os amigos!
O que significava, é claro, que de um jeito ou de outro, Marcos, certamente, estaria descendo o cacete na mulher!!!

Eu sou um poeta malicioso, Senhores! De cada grupo de dez coisas que eu penso ao longo do dia, pelo menos quatro, tem a ver com putaria!!

Não deu outra! Uma hora depois, surgiu Adriele, toda serelepe, de banho tomado, batendo o cabelinho molhado dela, com um sorriso escancarado de canto de orelha, um cheirinho intenso de hidratante Monange na pele e, pedindo para que eu a servisse uma cerveja bem gelada.
Apaguei o cigarro de palha, dei uma risadinha cretina pra minha entrevistada e, antes q’eu dissesse qualquer outra coisa, ela quebrou o silêncio, revelando:

“ – o que eu tinha que fazer, já fiz! Estou toda satisfeita”!

Rimos e retomamos a conversa!

Marcos aproveitou o banquete do almoço para saciar o seu apetite voraz!
Comeu feijoada, farofa, arroz de forno, linguicinha fatiada, gomos frescos de laranja e umas lascas fartas de carne seca, cozidas à lenha e; ainda sob a panela de pressão. Não me fiz de rogado, peguei o meu prato e aceitei mais uma porção de feijoada com lascas de carne seca!

Eu estava me sentindo o filho ilustre do herói nacional Macunaíma, naquela tarde ensolarada e escaldante! Anotava algumas coisas, fumava os meus cigarros, bebia, dava umas risadas, enfim, eu realmente me deliciei com as revelações engraçadas do cotidiano feliz daquela família!

Terminado o almoço, Marcos se serviu de meio balde de Coca Cola. Guardou os pratos na pia, se espreguiçou recostado à pilastra da varanda dos fundos, deu uma coçada no saco, bateu com a mão direita sobre a barriga e soltou um arroto bastante barulhento.
Depois, abriu uma latinha de cerveja, puxou uma cadeira e disse:

“ – agora sim, a gente pode conversar sossegado, meu brother”!

Pedi licença pra acender outro cigarro de palha e aproveitei para encher a minha taça de vinho com fartura!

Marcos contou de maneira bem humorada, as intrincadas e adversas situações ocorridas em seus quase doze de anos de vida em comum com Adriele.
Eles mantêm o viço dos primeiros tempos de namorico! São fogosos, cúmplices, dinâmicos e, de fato, batalhadores! Já atravessaram alguns perrengues para que não faltasse comida dentro de casa, mas nunca dependeram dum centavo sequer dos seus pais ou de quem quer que seja!
São orgulhosos, falam mal dos sogros descaradamente, de maneira muito descontraída, é claro!

Dona Irene, mãe de Adriele, ganhou dois apelidinhos: “- cascavel de chocalho” e “catiço”!

Marcos hoje em dia, é dono de uma Oficina Mecânica super conceituada aqui na cidade. Consegue com os seus esforços, arrecadar uma grana esperta para atender as necessidades familiares e usufruir de algumas mordomias.

Segurou a mão da mulher, olhou dentro dos meus olhos e disse:

“ – pode escrever aí no seu texto, poeta, que nós somos felizes à beça! E no que depender de mim, a gente nunca vai se separar”!

Eu fiquei tão comovido que sugeri mais um brinde, enchendo, é claro, a minha taça de vinho sem a menor cerimônia!

E ele finalizou: “ – a gente pretende oficializar a nossa situação, tá ligado? E se você quiser, vai ser um dos nossos padrinhos! Faço questão”!

Fiquei lisonjeado com o convite, imagina! E prometi que quando isso acontecer, a lua de mel será por minha conta.
Eles poderão escolher entre: Campos do Jordão, Paraty ou Lumiar!

A nossa conversa seguiu de maneira muito proveitosa! Saí de lá, por volta das nove da noite, tropeçando em mim mesmo, devido aos drink’s que degustei, porém, imensamente feliz e orgulhoso, por ter sido escolhido para testemunhar o cotidiano duma família sensacional!

E concluo esta narrativa reforçando: aonde existe amor, todo o resto se transforma a contento! Basta acreditar nos sonhos, ter boa vontade e seguir adiante!
Viver é agora!
Aonde existe Amor!!!

A narrativa desta semana, Senhores, é resultado de um encontro muito proveitoso com uma família tipicamente interessante. 
Fui apresentado ao casal Marcos Paulo e Adriele, por intermédio de uma amiga em comum, e nos afeiçoamos de imediato! 

Mantivemo-nos em contato regular por cerca de seis meses, até eu me sentir finalmente a vontade, a ponto de requisitar uma entrevista, se é que posso classificar assim, o enorme e recíproco prazer de estar na companhia uns dos outros. 

Este registro, especificamente, foi sugestão do próprio Marcos, que ao descobrir que eu escrevia; se entusiasmou com a ideia de me contar minúcias sobre a sua vida familiar em comum. 
Adriele me cativara à primeira impressão. Uma mulher imensamente simples, porém, extremamente agradável e bem articulada!

Eu havia, descontraidamente, mencionado sobre as minhas pretensões literárias, e ela, de forma sorridente e receptiva, quis saber o que seria necessário, para que eu transformasse, ainda que de maneira resumida, sua saga cotidiana num texto que se encaixasse ao meu projeto.

Foi por e-mail que Adriele e Marcos, preliminarmente, tiveram o primeiro contato com os meus escritos. E eles realmente gostaram! Tanto é que, a cada nova publicação neste espaço, a gente se telefonava e dava muitas risadas por causa dos acontecimentos narrados!

O dia sugerido, para que eu obtivesse as informações necessárias para criar este texto, foi domingo!

Marcos e Adriele me convidaram prum churrasco, exclusivo, na casa onde vivem com os seus quatro filhos: Justin Jackson (10), Ketlen Ohara (8), Jenifer Jolie (6) e Maicon Bieber (3).

Os filhos de Marcos e Adriele Silva são uma graça! Cada um a seu modo, são extremamente sapecas, antenados, curiosos e muito, mas muito inteligentes! 
Os nomes das crianças; foram escolhidos de maneira planejada, visando, é claro, homenagear os grandes ídolos apreciados pelo casal.

Cheguei por volta das nove e meia! A manhã ensolarada estava propícia ao que tínhamos em mente: diversão, comidinha, prosa, irreverência, cerveja gelada, vinho tinto e outras seletas variadas de finesses, elaboradas com afinco e total boa vontade!

Foi Justin Jackson quem abriu o portão, gritando aos quatro cantos:
“ – Mãe, tio Will chegou”! 

E em poucos minutos, fui abraçado carinhosamente por todos eles e, claro, pela anfitriã, que me ofereceu uma cerveja e a recomendação para que eu me sentisse totalmente em casa! 
E foi exatamente assim que fiquei o tempo todo, extremamente à vontade! Marcos estava jogando futebol com os amigos, porém, não tardaria!

Levei doces e guloseimas para a criançada! Eles se refestelaram, obvio, e tiraram um baita sarro da minha cara, todas às vezes, que eu confundia os seus nomes!

Ketlen Ohara estava entretida mexendo no Facebook, enquanto Jenifer Jolie insistia em ajudar a mãe com os preparativos do nosso banquete! 
Uma bonequinha, essa guria!

Justin Jackson; assistia um desenho animado no Cartoon e depois resolveu me mostrar o seu novo jogo de futebol, para PlayStation (2). 
Maicon Bieber corria pelo quintal atrás do cachorro!

Adriele abriu o freezer e me contemplou com um presente delicadíssimo: três garrafas de vinho tinto (Santa Carolina – Sauvignon Cabernet). 
Pensei: “- hoje eu vou me esbaldar”!

Agradeci o mimo, pedindo um saca rolhas e uma taça bem robusta! Acendemos um cigarro e brindamos alegremente o acontecimento feliz, profetizando o nosso bem estar pleno!

Marcos chegou antes do meio dia! Foi extremamente simpático, perguntou se eu estava à vontade, trazia duas caixinhas de cerveja debaixo do braço, e como estava extremamente suado, pôs as cervejas no freezer e partiu pra tomar uma ducha gelada! 

Quando falava do Marcos; os olhos de Adriele brilhavam feito duas turmalinas de rara beleza! E repetiu em diversos momentos da conversa, que ele era o “melhor marido do mundo”! No entanto, foi categórica na hora de enumerar a fileira de defeitos que o seu amado possuía, coisas essas, que a irritavam bastante e que serviam de tripé para as discussões esporádicas que rolavam entre eles, ressaltando que, essas brigas aconteciam bem de vez em quando, porque eles passavam a maior parte do tempo (de chamego) mesmo!

E prosseguiu me confidenciando que os hábitos mais reprováveis na conduta do marido eram: respingar a tampa do vaso, nunca lavar os seus copos e pratos, deixar a cueca e a toalha molhadas em cima da cama após o banho e, principalmente, ficar trocando o canal da tv a cada quinze minutos! 

Eu dei risadas o tempo todo, porque ela parecia enfezada, sabe?

Mas bastou ele gritar que queria uma cueca e uma toalha secas, ela pediu licença dos nossos assuntos, e foi correndo atender ao chamado de seu macho man!

Acendi um cigarro e fiquei pensando em como são as coisas. 
Adrieli tinha uma vida bastante simplória, quatro filhos, um trabalho mediano, ganhava pouco, no entanto, ela me parecia uma mulher muito realizada. Havia me contado que ‘se casou’ com Marcos a contragosto de sua família. 

Ela tinha dezesseis anos, cursava o ensino médio e ficou perdidamente apaixonada pelo rapaz mais cantante que trabalhava na obra do prédio em frente à lan house que frequentava. Saiu com ele umas três vezes, deram uns amassos bem quentes pelos muros das construções vizinhas e, isso, foi o bastante para que chegassem a um veredito: dariam um rumo diferente à relação! 
E deram, porém, a decisão de ambos causou, a princípio, uma baita confusão!

Seu Américo, pai de Adrieli, um militar aposentado, era um homem bastante rígido; de princípios austeros; por isso, não admitiu de modo algum aquele namoro, alegando de forma preconceituosa, que a relação era descabida, pelo simples fato de o Marcos ser um mero servente de obra, e que ainda por cima, tinha pinta de galã de filme pornochanchada!

Dá pra acreditar nisso?

Não adiantou o velho querer impedir o romance! Suas ameaças mais terríveis foram descartadas pela filha, quinze minutos depois! 
Adriele estava apaixonada por aquele homem, não podia esperar mais. Arrumou as suas bolsas e, à surdina, fugiu de casa, deixando apenas um bilhete em cima da mesa, que dizia: 

“ – Pai, fui ser feliz com o meu homem! Sua filha saiu do casulo, voa livre e colorida por aí! Adeus”!

Adrieli me contou sem tristeza nenhuma no semblante, que nunca mais falou com o seu pai. Eles não se procuram; não se interessam e estão pouco se lixando se a família precisa ser refeita ou não! Me confidenciou que não sente a menor falta dele, que se tratava de um carrasco, na verdade, jamais um pai afetuoso, desses que todas as filhas anseiam, sabe? 

Com a voz embargada, contou que quando era criança, seu Américo dava surras colossais nela e ainda, de quebra, traía e judiava de dona Irene, sua mãe. 
Em relação à mãe, ela amenizou, dizendo que elas se cumprimentam na rua, quando, acidentalmente, se deparam uma com a outra e que não guarda nenhum tipo de rancor a seu respeito, porém, não admite a sua passividade, fingindo-se de cega e encobrindo as maracutaias “daquele velho” ao longo dos muitos anos em que estão casados.

Fiquei emocionado com este relato, não sabia o que dizer, segurei as mãos de Adriele, que me puxou prum abraço bastante sincero! 
Acabei tomando a minha taça de vinho numa única golada, para não cair aos prantos no meio da conversa, né?

Marcos veio andando até o quintal, pediu licença a mim, e solicitou que Adriele fosse com ele até o quarto para que levassem “um particular”! 
Me garantiu que em meia hora, “a parada” estaria resolvida e que eles voltariam pro quintal pra gente continuar conversando e tomando uma cerveja bem gelada.

Concordei e fiquei aguardando, recostado numa rede estendida debaixo de uma frondosa mangueira, motivo de alívio pra toda família, que em dias de forte calor, se abrigavam ali da maneira que melhor convinha.

Abri outra garrafa de vinho e aproveitei para acender um cigarro de palha!

Fiquei pensando numas mil coisas subentendidas por “resolver à parada” em meia hora. Ou eles estavam discutindo alguma pendenga importante e, de repente, ele estava descendo o cacete na mulher ou, na melhor das hipóteses, estavam dando aquela namoradinha clássica de domingo, pós-futebol com os amigos! 
O que significava, é claro, que de um jeito ou de outro, Marcos, certamente, estaria descendo o cacete na mulher!!!

Eu sou um poeta malicioso, Senhores! De cada grupo de dez coisas que eu penso ao longo do dia, pelo menos quatro, tem a ver com putaria!!

Não deu outra! Uma hora depois, surgiu Adriele, toda serelepe, de banho tomado, batendo o cabelinho molhado dela, com um sorriso escancarado de canto de orelha, um cheirinho intenso de hidratante Monange na pele e, pedindo para que eu a servisse uma cerveja bem gelada. 
Apaguei o cigarro de palha, dei uma risadinha cretina pra minha entrevistada e, antes q’eu dissesse qualquer outra coisa, ela quebrou o silêncio, revelando: 

“ – o que eu tinha que fazer, já fiz! Estou toda satisfeita”!

Rimos e retomamos a conversa! 

Marcos aproveitou o banquete do almoço para saciar o seu apetite voraz! 
Comeu feijoada, farofa, arroz de forno, linguicinha fatiada, gomos frescos de laranja e umas lascas fartas de carne seca, cozidas à lenha e; ainda sob a panela de pressão. Não me fiz de rogado, peguei o meu prato e aceitei mais uma porção de feijoada com lascas de carne seca!

Eu estava me sentindo o filho ilustre do herói nacional Macunaíma, naquela tarde ensolarada e escaldante! Anotava algumas coisas, fumava os meus cigarros, bebia, dava umas risadas, enfim, eu realmente me deliciei com as revelações engraçadas do cotidiano feliz daquela família!

Terminado o almoço, Marcos se serviu de meio balde de Coca Cola. Guardou os pratos na pia, se espreguiçou recostado à pilastra da varanda dos fundos, deu uma coçada no saco, bateu com a mão direita sobre a barriga e soltou um arroto bastante barulhento. 
Depois, abriu uma latinha de cerveja, puxou uma cadeira e disse: 

“ – agora sim, a gente pode conversar sossegado, meu brother”!

Pedi licença pra acender outro cigarro de palha e aproveitei para encher a minha taça de vinho com fartura!

Marcos contou de maneira bem humorada, as intrincadas e adversas situações ocorridas em seus quase doze de anos de vida em comum com Adriele. 
Eles mantêm o viço dos primeiros tempos de namorico! São fogosos, cúmplices, dinâmicos e, de fato, batalhadores! Já atravessaram alguns perrengues para que não faltasse comida dentro de casa, mas nunca dependeram dum centavo sequer dos seus pais ou de quem quer que seja! 
São orgulhosos, falam mal dos sogros descaradamente, de maneira muito descontraída, é claro! 

Dona Irene, mãe de Adriele, ganhou dois apelidinhos: “- cascavel de chocalho” e “catiço”!

Marcos hoje em dia, é dono de uma Oficina Mecânica super conceituada aqui na cidade. Consegue com os seus esforços, arrecadar uma grana esperta para atender as necessidades familiares e usufruir de algumas mordomias. 

Segurou a mão da mulher, olhou dentro dos meus olhos e disse: 

“ – pode escrever aí no seu texto, poeta, que nós somos felizes à beça! E no que depender de mim, a gente nunca vai se separar”! 

Eu fiquei tão comovido que sugeri mais um brinde, enchendo, é claro, a minha taça de vinho sem a menor cerimônia! 

E ele finalizou: “ – a gente pretende oficializar a nossa situação, tá ligado? E se você quiser, vai ser um dos nossos padrinhos! Faço questão”!

Fiquei lisonjeado com o convite, imagina! E prometi que quando isso acontecer, a lua de mel será por minha conta. 
Eles poderão escolher entre: Campos do Jordão, Paraty ou Lumiar!

A nossa conversa seguiu de maneira muito proveitosa! Saí de lá, por volta das nove da noite, tropeçando em mim mesmo, devido aos drink’s que degustei, porém, imensamente feliz e orgulhoso, por ter sido escolhido para testemunhar o cotidiano duma família sensacional!

E concluo esta narrativa reforçando: aonde existe amor, todo o resto se transforma a contento! Basta acreditar nos sonhos, ter boa vontade e seguir adiante! 
Viver é agora!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Meteorito na Rússia: cantora brasileira fica em apuros!!!


Vi as imagens e esmiucei as notícias sobre a queda do meteorito em Cheliabinsk (Rússia), com a mesma perplexidade de todos!
Pareciam cenas de filme de ficção científica!

Aquele estrondo provocado pela queda do corpo celeste, depois duma entrada arrasadora em nossa atmosfera, ecoou as manchetes dos principais veículos de imprensa ao redor do mundo!
Não se falou doutra coisa!
Deu medo!
Houve quem dissesse que o final do mundo estava cobrando com juros e correção, o atraso falho de outrora (21/12)!

A NASA, imediatamente, expediu uma serie de relatórios conclusivos, frisando certamente, acalmar a população terrestre.
Meteoros caem mesmo! Já caíram outras dezenas de vezes, inclusive, dizimou os dinossauros a milhões de anos atrás! Mas que agora será diferente!
Vai no máximo matar uns ou outros, ferir mais outros muitos, só que em proporções mais amenas!

Entendi que não é motivo pra ficar todo CAGADO de medo! Graças a Deus, né?

Chequei imediatamente a minha lista de pessoas conhecidas que poderiam estar na Rússia na hora do incidente. Não me lembrei de ninguém a não ser Naomi Campbell, a super modelo, que namora um milionário russo, e também o escritor Paulo Coelho, que, coincidentemente, mora em Vladivostok.

Dona Júlia, protagonista do meu primeiro romance, fez galhofa comigo pelo twitter:

“ – só mesmo o Paulo Coelho pra querer viver na Rússia, meu Deus!
É como alguém gostar de Paquetá, por exemplo”!

Dona Júlia detesta Paquetá!
Segundo ela, só o autor de “A Moreninha” gosta de Paquetá!
Dona Júlia tem um humor sofisticado e cáustico, Senhores!
Isso me surpreende, às vezes!

Eu estava preocupado com o incidente na Rússia, admito! Fiquei abismado com os ferimentos sofridos; por aquelas vítimas todas!
(foram catalogadas mil e duzentas pessoas).

Nada ruim aconteceu pro Paulo Coelho e nem para a Naomi!
Aliás, nem soube a respeito de onde estavam!

O escritor paulistano Santiago Nazarian, no verão passado, esteve na Rússia! Acompanhei os relatos descritos em seu blog pessoal, porém, não me pareceu entusiasmado pelas coisas vividas naquele lugar!
É aquilo, todo mundo acha a Rússia um país GELADO em todos os sentidos!

E se for comparado ao Brasil, onde todo mundo só fala em carnaval o ano inteiro, hein?

Cheguei a postar uma piadinha sobre o meteoro numa das redes sociais que utilizo.

Foi quando subitamente, me lembrei de que conhecia sim, duas pessoas que estavam na Rússia desde a semana retrasada.
E que passaram um sufoco danado com a hecatombe pré-apocalíptica.

Trata-se da cantora brasileira Dodóra! Isso mesmo, gente!
Dodóra segue em turnê pela Rússia, divulgando através de shows, o sucesso estrondoso de seu disco intitulado: (Não quero Saber de mais Nada)!
E foi acompanhada, é claro, de Gladis, sua assessora de imprensa, amiga pessoal, e principal responsável pela carreira dessa diva brasileira ter atingido o patamar extraordinário a que se destina e confere com graça e bilheteria recordes!

Dodóra cantarolou em diversas praças públicas de Moscou, levando ao delírio, centenas de fãs enlouquecidos por música brasileira de qualidade!
Sempre despojada, fazia questão de beber vodka russa com suco de laranja
(de caixinha) durante as apresentações!
Rodopiava daqui, saracoteava dacolá, falava uns palavrões, tacava os sapatos na plateia, enfim, aprontou horrores e mesmo assim, era aplaudida de pé pelos seus admiradores emocionados!

A verdade é que não importa onde esteja; Dodóra sempre dá o que falar!
Teve uma apresentação mais empolgada, num barzinho aquecido ao Sul de Kremlin, em que a cantora fez questão de levantar o seu casaco de pele de raposa, e deixou à mostra, seus peitos lindamente desenhados por uma voluptuosa prótese de silicone!

A euforia dos presentes foi tanta, que os seguranças tiveram que conter um bêbado austríaco, que relutava em segurar os seios da brasileira.
Foi Gladis quem o acertou com uma garrafa de cerveja no meio da testa!

Na véspera do choque entre o meteoro e a nossa atmosfera, Dodóra acordou bem cedinho! Saiu às compras com Gladis, saboreou lanches insossos, experimentou carne de rena enlatada e bebeu várias doses de vodka, ficando cambaleante; inúmeras vezes!

O idioma tem sido um problema para ambas. Não falam nada em russo, evidentemente! E o tradutor que a gravadora havia incumbido de auxiliá-las, pediu demissão no terceiro dia de trabalho, alegando que as brasileiras se comportavam de maneira muito escandalosa para os seus padrões costumeiros!

Gladis mandou o cara se foder no meio duma apresentação pública e depois disso, reforçou que não queriam mais saber da ajuda de ninguém. Virar-se-iam sozinhas!

E dito e feito!

Dodóra e Gladis estavam hospedadas num hotel luxuoso, com suítes aquecidas, edredons forrados com pelagem de raposas norueguesas!
Comeram e beberam com soberba e aproveitamento, porém, tiveram muita dificuldade com o serviço de quarto.
Elas arranhavam um inglês pífio, pouco se entendia o que queriam dizer nas horas de maior perrengue!
E Gladis, metida a besta feito ela, só dizia (Merci beacoup) num francês terrível que servia apenas para atrair olhares de desprezo vindos dos demais hospedes.

Os russos detestam americanos, então, se o cara chegar por lá usando apenas o inglês para se comunicar; eles simplesmente ignoram e deixam o indivíduo à ‘ver navios’!

E Dodóra é aquele tipo de brasileira que acredita ter nascido em Nova York, sabe? Esse tipo de gente, às vezes, cansa um pouco a beleza das outras!

Na hora exata em que o meteoro se espatifou sobre os céus da Rússia, Dodóra estava dormindo no quarto luxuoso de hotel!
Havia feito show na noite anterior e se embriagou durante a apresentação!
Não percebeu nada!
Quando acordou, pediu café e um analgésico, atinando pela tv sobre o ocorrido, enquanto vomitava na latrina de sua suíte máster!

Gladis não teve a mesma sorte! Assistiu catatônica a explosão nuclear e, consequentemente, ao desvario que se seguiu após o grande BAFÃO meteórico!
Era como se a terra fosse atingida por quinhentas tempestades de raios ao mesmo tempo; tamanho o CLARÃO que abriu sobre o horizonte!
Os estampidos que se ouviu, lembrava a detonação duma infinidade de toneladas de dinamites (dessas usadas para arrebentar caixas eletrônicos no Brasil), uma loucura!

A histeria coletiva tomou proporções inimagináveis!
Pessoas zanzavam pelas ruas da cidade, machucadas, ensanguentadas, aos prantos, muitas estavam com as mãos sobre os ouvidos, completamente surdas por causa da BARULHEIRA!

Muitos cachorros se suicidaram pulando dos andares mais altos dos prédios onde viviam seus donos! Foi um caos, ninguém sabia de nada!
Vários bairros ficaram destruídos pelo bombardeio sideral!

A explosão causada pelo meteorito devastou os limites da física!
Foi comparada a detonação de pelo menos três bombas atômicas feito Hiroshima e Nagazaki!

Gladis foi atingida por um deslocamento de ar e foi arremessada na velocidade do som, sobrevoando as sacadas dum sobrado antigo, caindo sobre um banco de areia a dez quilômetros de distância! Tem ideia?

Não havia uma peça de roupa sequer sobre a sua pele! Gladis estava PELADINHA!

Sobreviveu por milagre, porém, ficou bastante machucada! Ensurdecida, acreditou que os seus tímpanos estivessem se rompido! Não entendeu a gravidade do que acabara de vivenciar!
E tentava se proteger com as mãos, enquanto berrava: "- help, help"!
Ninguém fazia outra coisa a não ser correr! Atordoada, apelou às margens duma movimentada avenida por um táxi!

Em vão!

O único taxista que parou; severo, mal humorado e moralista, berrou em russo
(essa língua, de fato, miserável – é mais fácil entender o diabo, do que aprender a falar em russo), que não admitiria de forma alguma, uma mulher com a genitália de fora no interior de seu carro.

Irritada, Gladis alcançou uma pedra robusta e estilhaçou o para-brisa traseiro daquele táxi.

Não consegui descobrir até hoje como Gladis se safou daquela tormenta!
E Dodóra não assimilou a grandiosidade do fenômeno acontecido, enquanto ela, morrendo de ressaca, dormia profundamente!
Isso só pode ser o fim do mundo mesmo!

No Brasil, dona Nebuta Navarro, mãe de Gladis, que mora em Brasília, acompanhou desesperada, as notícias sobre o desastre nuclear. Acabou não resistindo a forte emoção ao descobrir que a sua filhota fora atingida pelos estilhaços do vácuo atômico e enfartou!

Encontra-se internada num hospital particular de fino garbo em São Paulo.

Neilde, a empregada da família, resolveu tirar a teima sobre o fenômeno visto pela Tv. Atrapalhada, tentou arrebentar uma panela de pressão para medir a velocidade da explosão, comparando à velocidade do som e o número de decibéis provocados pelos estampidos.

Neilde é muito curiosa e arteira! Resolveu voltar a estudar! Seu sonho é se formar em Física, porém, pra realizar esse sonho, terá que aprender muito ainda. Ela está matriculada no sexto ano do ensino regular, numa escola pública na periferia de Brasília!

Com essa façanha consumada, o máximo que a coitada conseguiu, foi destruir a cozinha, o espaço gourmet e o quartinho onde dormia.

Mas prefiro voltar a falar sobre o que aconteceu na Rússia!

Eu particularmente não conheço a Rússia! A não ser por fotografias, filmes e pelos relatos absorvidos durante as aulas de História, porém, nunca fui lá e nem sei se pretendo ir algum dia, a menos que seja escalado por conta de algum trabalho como repórter, cineasta ou como roteirista mesmo, enfim, a Rússia não é o tipo de lugar que me inspira.

Mas sei que pelo menos Moscou e os Castelos da Praça Vermelha são bonitos (do ponto de vista turístico)!

Conversei com Luíza Sampaio sobre os estragos causados pela queda do material vindo do espaço sideral! Ela achou tudo isso extraordinário e maluco demais pra formar alguma opinião a respeito, mas foi absolutamente sincera comigo em vários aspectos, sobre as minhas indagações sobre aquele país absolutamente gelado.

Luiza já foi à Rússia várias vezes! Participou de vários desfiles e outros eventos ligados ao universo fashion naquele lugar, no entanto, me disse com todas as letras que detestou tudo o que viu e vivenciou.
Segundo seus relatos, a única coisa que presta na Rússia é a vodka!
Fora isso, nada escapa! Nem mesmo os museus de Moscou estiveram a salvo de suas alfinetadas!

Mas me incentivou a ir lá pelo menos uma vez na vida, caso eu possa, claro!

“ – Will, meu querido, ninguém deve morrer sem ter visitado os russos”!

E deu uma risada espontânea, dessas de canto de boca, enquanto se servia duma robusta taça de champanhe e, com um maçarico, acendeu mais um cigarro!

E prosseguiu com o discurso, salientando que, a Rússia, é o tipo de país que a pessoa deve visitar, se for rica o bastante para que essa grana não faça falta para nenhuma outra coisa.
Tipo: pra ir até lá, o interessante é escolher um roteiro bacana, ficar umas duas semanas, tirar um monte de fotos dessas que ilustram os cartões postais, mas só pra dizer pros outros que esteve lá, sabe?

E isso se aplica ao fato de que toda pessoa bem sucedida merece conhecer outros lugares, pra constar na estatística MESMO!
Fora isso, pode esquecer!
Mas eu fiquei pensando com os meus botões: " - pra quê fazer isso, né mesmo"?

Se o lugar não me inspira anseio em desbravá-lo, eu que vá procurar um lugar mais vistoso, ué!

Não vou gastar minha grana pra ir num lugar somente pra me exibir!
Nunca fui desse tipo!

A questão primordial é que a Luíza Sampaio é apaixonada por Paris!
Pra ela, Paris é um dos lugares mais maravilhosos do mundo! Então, quando uma pessoa elege um lugar como a França, pra sua lista de recanto terrestre sublime, fica realmente difícil, fazê-la se encantar por qualquer outro lugar do mundo, que seja!

É uma situação de refino pessoal! Não se discute!

Dodóra e Gladis seguirão cumprindo compromissos assumidos pela turnê musical!

Depois dessa temporada pela Rússia, embarcam para a Jamaica na semana que vem!

E aqui no Brasil, enquanto outro meteoro não chega, eu sigo me divertindo!
Meteorito na Rússia: cantora brasileira fica em apuros!!!

Vi as imagens e esmiucei as notícias sobre a queda do meteorito em Cheliabinsk (Rússia), com a mesma perplexidade de todos! 
Pareciam cenas de filme de ficção científica!

Aquele estrondo provocado pela queda do corpo celeste, depois duma entrada arrasadora em nossa atmosfera, ecoou as manchetes dos principais veículos de imprensa ao redor do mundo! 
Não se falou doutra coisa! 
Deu medo! 
Houve quem dissesse que o final do mundo estava cobrando com juros e correção, o atraso falho de outrora (21/12)!

A NASA, imediatamente, expediu uma serie de relatórios conclusivos, frisando certamente, acalmar a população terrestre. 
Meteoros caem mesmo! Já caíram outras dezenas de vezes, inclusive, dizimou os dinossauros a milhões de anos atrás! Mas que agora será diferente! 
Vai no máximo matar uns ou outros, ferir mais outros muitos, só que em proporções mais amenas!

Entendi que não é motivo pra ficar todo CAGADO de medo! Graças a Deus, né?

Chequei imediatamente a minha lista de pessoas conhecidas que poderiam estar na Rússia na hora do incidente. Não me lembrei de ninguém a não ser Naomi Campbell, a super modelo, que namora um milionário russo, e também o escritor Paulo Coelho, que, coincidentemente, mora em Vladivostok.

Dona Júlia, protagonista do meu primeiro romance, fez galhofa comigo pelo twitter:

“ – só mesmo o Paulo Coelho pra querer viver na Rússia, meu Deus! 
É como alguém gostar de Paquetá, por exemplo”!

Dona Júlia detesta Paquetá! 
Segundo ela, só o autor de “A Moreninha” gosta de Paquetá! 
Dona Júlia tem um humor sofisticado e cáustico, Senhores! 
Isso me surpreende, às vezes!

Eu estava preocupado com o incidente na Rússia, admito! Fiquei abismado com os ferimentos sofridos; por aquelas vítimas todas! 
(foram catalogadas mil e duzentas pessoas).

Nada ruim aconteceu pro Paulo Coelho e nem para a Naomi! 
Aliás, nem soube a respeito de onde estavam!

O escritor paulistano Santiago Nazarian, no verão passado, esteve na Rússia! Acompanhei os relatos descritos em seu blog pessoal, porém, não me pareceu entusiasmado pelas coisas vividas naquele lugar! 
É aquilo, todo mundo acha a Rússia um país GELADO em todos os sentidos!

E se for comparado ao Brasil, onde todo mundo só fala em carnaval o ano inteiro, hein? 

Cheguei a postar uma piadinha sobre o meteoro numa das redes sociais que utilizo.

Foi quando subitamente, me lembrei de que conhecia sim, duas pessoas que estavam na Rússia desde a semana retrasada. 
E que passaram um sufoco danado com a hecatombe pré-apocalíptica. 

Trata-se da cantora brasileira Dodóra! Isso mesmo, gente! 
Dodóra segue em turnê pela Rússia, divulgando através de shows, o sucesso estrondoso de seu disco intitulado: (Não quero Saber de mais Nada)! 
E foi acompanhada, é claro, de Gladis, sua assessora de imprensa, amiga pessoal, e principal responsável pela carreira dessa diva brasileira ter atingido o patamar extraordinário a que se destina e confere com graça e bilheteria recordes!

Dodóra cantarolou em diversas praças públicas de Moscou, levando ao delírio, centenas de fãs enlouquecidos por música brasileira de qualidade!
Sempre despojada, fazia questão de beber vodka russa com suco de laranja 
(de caixinha) durante as apresentações!
Rodopiava daqui, saracoteava dacolá, falava uns palavrões, tacava os sapatos na plateia, enfim, aprontou horrores e mesmo assim, era aplaudida de pé pelos seus admiradores emocionados!

A verdade é que não importa onde esteja; Dodóra sempre dá o que falar!
Teve uma apresentação mais empolgada, num barzinho aquecido ao Sul de Kremlin, em que a cantora fez questão de levantar o seu casaco de pele de raposa, e deixou à mostra, seus peitos lindamente desenhados por uma voluptuosa prótese de silicone!

A euforia dos presentes foi tanta, que os seguranças tiveram que conter um bêbado austríaco, que relutava em segurar os seios da brasileira. 
Foi Gladis quem o acertou com uma garrafa de cerveja no meio da testa!

Na véspera do choque entre o meteoro e a nossa atmosfera, Dodóra acordou bem cedinho! Saiu às compras com Gladis, saboreou lanches insossos, experimentou carne de rena enlatada e bebeu várias doses de vodka, ficando cambaleante; inúmeras vezes! 

O idioma tem sido um problema para ambas. Não falam nada em russo, evidentemente! E o tradutor que a gravadora havia incumbido de auxiliá-las, pediu demissão no terceiro dia de trabalho, alegando que as brasileiras se comportavam de maneira muito escandalosa para os seus padrões costumeiros!

Gladis mandou o cara se foder no meio duma apresentação pública e depois disso, reforçou que não queriam mais saber da ajuda de ninguém. Virar-se-iam sozinhas! 

E dito e feito!

Dodóra e Gladis estavam hospedadas num hotel luxuoso, com suítes aquecidas, edredons forrados com pelagem de raposas norueguesas! 
Comeram e beberam com soberba e aproveitamento, porém, tiveram muita dificuldade com o serviço de quarto. 
Elas arranhavam um inglês pífio, pouco se entendia o que queriam dizer nas horas de maior perrengue! 
E Gladis, metida a besta feito ela, só dizia (Merci beacoup) num francês terrível que servia apenas para atrair olhares de desprezo vindos dos demais hospedes. 

Os russos detestam americanos, então, se o cara chegar por lá usando apenas o inglês para se comunicar; eles simplesmente ignoram e deixam o indivíduo à ‘ver navios’!

E Dodóra é aquele tipo de brasileira que acredita ter nascido em Nova York, sabe? Esse tipo de gente, às vezes, cansa um pouco a beleza das outras!

Na hora exata em que o meteoro se espatifou sobre os céus da Rússia, Dodóra estava dormindo no quarto luxuoso de hotel! 
Havia feito show na noite anterior e se embriagou durante a apresentação! 
Não percebeu nada! 
Quando acordou, pediu café e um analgésico, atinando pela tv sobre o ocorrido, enquanto vomitava na latrina de sua suíte máster! 

Gladis não teve a mesma sorte! Assistiu catatônica a explosão nuclear e, consequentemente, ao desvario que se seguiu após o grande BAFÃO meteórico! 
Era como se a terra fosse atingida por quinhentas tempestades de raios ao mesmo tempo; tamanho o CLARÃO que abriu sobre o horizonte! 
Os estampidos que se ouviu, lembrava a detonação duma infinidade de toneladas de dinamites (dessas usadas para arrebentar caixas eletrônicos no Brasil), uma loucura!

A histeria coletiva tomou proporções inimagináveis! 
Pessoas zanzavam pelas ruas da cidade, machucadas, ensanguentadas, aos prantos, muitas estavam com as mãos sobre os ouvidos, completamente surdas por causa da BARULHEIRA! 

Muitos cachorros se suicidaram pulando dos andares mais altos dos prédios onde viviam seus donos! Foi um caos, ninguém sabia de nada! 
Vários bairros ficaram destruídos pelo bombardeio sideral!

A explosão causada pelo meteorito devastou os limites da física! 
Foi comparada a detonação de pelo menos três bombas atômicas feito Hiroshima e Nagazaki!

Gladis foi atingida por um deslocamento de ar e foi arremessada na velocidade do som, sobrevoando as sacadas dum sobrado antigo, caindo sobre um banco de areia a dez quilômetros de distância! Tem ideia?

Não havia uma peça de roupa sequer sobre a sua pele! Gladis estava PELADINHA!

Sobreviveu por milagre, porém, ficou bastante machucada! Ensurdecida, acreditou que os seus tímpanos estivessem se rompido! Não entendeu a gravidade do que acabara de vivenciar! 
E tentava se proteger com as mãos, enquanto berrava: "- help, help"! 
Ninguém fazia outra coisa a não ser correr! Atordoada, apelou às margens duma movimentada avenida por um táxi!

Em vão!

O único taxista que parou; severo, mal humorado e moralista, berrou em russo 
(essa língua, de fato, miserável – é mais fácil entender o diabo, do que aprender a falar em russo), que não admitiria de forma alguma, uma mulher com a genitália de fora no interior de seu carro.

Irritada, Gladis alcançou uma pedra robusta e estilhaçou o para-brisa traseiro daquele táxi.

Não consegui descobrir até hoje como Gladis se safou daquela tormenta! 
E Dodóra não assimilou a grandiosidade do fenômeno acontecido, enquanto ela, morrendo de ressaca, dormia profundamente! 
Isso só pode ser o fim do mundo mesmo!

No Brasil, dona Nebuta Navarro, mãe de Gladis, que mora em Brasília, acompanhou desesperada, as notícias sobre o desastre nuclear. Acabou não resistindo a forte emoção ao descobrir que a sua filhota fora atingida pelos estilhaços do vácuo atômico e enfartou!

Encontra-se internada num hospital particular de fino garbo em São Paulo.

Neilde, a empregada da família, resolveu tirar a teima sobre o fenômeno visto pela Tv. Atrapalhada, tentou arrebentar uma panela de pressão para medir a velocidade da explosão, comparando à velocidade do som e o número de decibéis provocados pelos estampidos.

Neilde é muito curiosa e arteira! Resolveu voltar a estudar! Seu sonho é se formar em Física, porém, pra realizar esse sonho, terá que aprender muito ainda. Ela está matriculada no sexto ano do ensino regular, numa escola pública na periferia de Brasília!

Com essa façanha consumada, o máximo que a coitada conseguiu, foi destruir a cozinha, o espaço gourmet e o quartinho onde dormia.

Mas prefiro voltar a falar sobre o que aconteceu na Rússia!

Eu particularmente não conheço a Rússia! A não ser por fotografias, filmes e pelos relatos absorvidos durante as aulas de História, porém, nunca fui lá e nem sei se pretendo ir algum dia, a menos que seja escalado por conta de algum trabalho como repórter, cineasta ou como roteirista mesmo, enfim, a Rússia não é o tipo de lugar que me inspira.

Mas sei que pelo menos Moscou e os Castelos da Praça Vermelha são bonitos (do ponto de vista turístico)!

Conversei com Luíza Sampaio sobre os estragos causados pela queda do material vindo do espaço sideral! Ela achou tudo isso extraordinário e maluco demais pra formar alguma opinião a respeito, mas foi absolutamente sincera comigo em vários aspectos, sobre as minhas indagações sobre aquele país absolutamente gelado. 

Luiza já foi à Rússia várias vezes! Participou de vários desfiles e outros eventos ligados ao universo fashion naquele lugar, no entanto, me disse com todas as letras que detestou tudo o que viu e vivenciou. 
Segundo seus relatos, a única coisa que presta na Rússia é a vodka! 
Fora isso, nada escapa! Nem mesmo os museus de Moscou estiveram a salvo de suas alfinetadas!

Mas me incentivou a ir lá pelo menos uma vez na vida, caso eu possa, claro!

“ – Will, meu querido, ninguém deve morrer sem ter visitado os russos”! 

E deu uma risada espontânea, dessas de canto de boca, enquanto se servia duma robusta taça de champanhe e, com um maçarico, acendeu mais um cigarro! 

E prosseguiu com o discurso, salientando que, a Rússia, é o tipo de país que a pessoa deve visitar, se for rica o bastante para que essa grana não faça falta para nenhuma outra coisa. 
Tipo: pra ir até lá, o interessante é escolher um roteiro bacana, ficar umas duas semanas, tirar um monte de fotos dessas que ilustram os cartões postais, mas só pra dizer pros outros que esteve lá, sabe? 

E isso se aplica ao fato de que toda pessoa bem sucedida merece conhecer outros lugares, pra constar na estatística MESMO! 
Fora isso, pode esquecer! 
Mas eu fiquei pensando com os meus botões: " - pra quê fazer isso, né mesmo"?

Se o lugar não me inspira anseio em desbravá-lo, eu que vá procurar um lugar mais vistoso, ué!

Não vou gastar minha grana pra ir num lugar somente pra me exibir! 
Nunca fui desse tipo!

A questão primordial é que a Luíza Sampaio é apaixonada por Paris! 
Pra ela, Paris é um dos lugares mais maravilhosos do mundo! Então, quando uma pessoa elege um lugar como a França, pra sua lista de recanto terrestre sublime, fica realmente difícil, fazê-la se encantar por qualquer outro lugar do mundo, que seja! 

É uma situação de refino pessoal! Não se discute!

Dodóra e Gladis seguirão cumprindo compromissos assumidos pela turnê musical!

Depois dessa temporada pela Rússia, embarcam para a Jamaica na semana que vem!

E aqui no Brasil, enquanto outro meteoro não chega, eu sigo me divertindo!

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Justiça determina destruição do matagal de dona Zuleika em Itaipava!


A campainha tocou na tarde de ontem na mansão de dona Zuleika Munhoz em Itaipava.
Era Albertino Queirós, oficial de justiça, levando consigo um mandado judicial que decretava: a plantação de maconha transgênica, cultivada ilegalmente em seu haras, deveria ser totalmente destruída nos próximos dias.
E Adriano, neto de dona Zuleika, continuava foragido da justiça por tamanha faceta aprontada.

O clima era de tristeza e consternação.
Dona Zuleika ficou chorosa após a intimação.
Ligou para sua velha amiga, tão querida, dona Júlia Cavalcanti.
Sim, senhoras e senhores: dona Zuleika e dona Júlia são mui amigas!
Há muito tempo, eu diria!

A protagonista do romance “ A Neta de Dona Júlia” não titubeou.
Pegou o helicóptero e foi até Itaipava visitar Zuleika em sua mais total solicitude e solidariedade pelo momento delicado em que a milionária atravessava.
Na verdade, dona Júlia vai à Itaipava quatro vezes por ano!
É que ela é paciente da Dra. Danielle Fraser, sua médica pessoal e amiga confidente.

Mas não era sempre que dona Zuleika recebia essa ilustre visita.
As duas se abraçaram, riram, contaram piadas, falaram dos problemas, choraram, jogaram buraco com seu Onofre, assistiram ao DVD da Amy Winehouse que o Adriano esquecera antes de fugir da cidade, enfim, a tarde estava deliciosa entre eles.

Eis que dona Júlia manifestou sua curiosidade:

“ – quero conhecer o matagal de cannabis, Zuleika”!

E lá foram elas, de foice nas mãos, entrando na mata fechada que os galhos de maconha propiciaram. Dona Júlia estava, de fato, bastante impressionada!
A plantação era linda! Resolveu que queria experimentar o tal chá fabuloso!
Beberam, beberam e se deliciaram! Ficaram completamente loucas!

Durante duas horas de conversa, tomaram o caldeirão de chá DELAS, solenemente. Dona Júlia estava tão desorientada que esqueceu que estava a bordo dum helicóptero e queria voltar pro Rio de Janeiro, montada elegantemente, numa carruagem imperial. Riram feito hienas sobre isso!

Dona Júlia descobriu o porquê da amizade tão íntima entre Adriano e Ludmila Cavalcanti. Netos, respectivamente de Zuleika e Júlia.
A verdade era que Ludmila estava fumando maconha artesanal cultivada no haras de sua grande amiga, por intermédio do neto da matriarca dos Munhoz!
Ambos davam festinhas badaladas em seus apartamentos (Ipanema e Leblon).

Outro dia, dona Júlia foi acordada às quatro da manhã, pelo delegado do batalhão de Copacabana, avisando que Ludmila estava detida para uma conversa, porque foi flagrada arrumando confusão numa boate em Ipanema, completamente bêbada e chapada de fumo artesanal.

Era isso, estava tudo esclarecido a respeito desse comportamento alucinado de sua neta. Ludmila não se abria. Quando indagada sobre qualquer coisa, respondia que não queria saber de mais nada e saía pra bater pernas e vadiar com os amigos pelas noites cariocas.

Não havia o que se dizer, então, dona Júlia resolveu fazer tal e qual a sua neta, quis fumar maconha do jeito convencional. Segundo ela, relembraria com isso, os seus tempos em que viveu como hippie numa aldeia aborígene no interior de Goiás.

Ninguém sabia disso até então.

Dona Júlia elaborou um enorme charuto. Pegou o isqueiro, acendeu o baseado e tragou intensamente. Tossiu duas vezes.
Passou o cigarro pra dona Zuleika e disse: “ – é bom, Zu”!

Ambas se refestelaram com o fumo. Ficaram ainda mais enlouquecidas. Riram tão alto que Abigail Novais acendeu a luz do terraço de sua casa, só pra ficar observando a farrinha na casa de Zuleika.
A hora de Abigail estava chegando, jurou indignada, Zuleika, enquanto dava outra baforada no charuto de cannabis.

Bateu a larica nas posudas senhoras de alta classe.

Foi um troço impressionante! As duas, simplesmente, ARRASARAM com tudo o que havia na despensa e na geladeira.
Dona Júlia, dona dum paladar sofisticado, deu preferência aos cookies belgas, ao chocolate suíço e, principalmente, aos frios importados.
Dona Zuleika devorou uma travessa de mini-quibes, coxinhas e enroladinhos de camarão.

Encerraram a noite, trôpegas, brindando com uma garrafa de champanhe francês.

Dona Júlia retornou ao Rio de Janeiro acreditando que o seu helicóptero, era na verdade, um disco voador supersônico e intergaláctico.
Virou a piada interna entre as duas loucas de pedra.

Dona Salete é quem mais tem sofrido com a notícia de que o matagal será incinerado; arrancado pela raiz. Ela pediu que dona Zuleika estocasse uma boa quantidade de ervas na despensa, que é pra depois que se suceder a desgraceira, elas ficarem abastecidas pelo menos por alguns meses, evitando assim, que se privem de apreciar o seus novos hábitos adquiridos!

No dia combinado para a incineração da maconha, isso seria feito na manhã de sexta, em dois tonéis de petróleo desativados, dona Zuleika abriu as janelas de seu quarto e ficou lá do alto, apreciando pela última vez, a paisagem verde propiciada pelo farto roçado cultivado indevidamente!

Entristecida, melancólica, arrasada totalmente, por tudo, principalmente, pelo fato de que o seu tão amado neto Adriano, provocara em sua família um dos maiores golpes possíveis, um escândalo que repercutiu até na imprensa.
A decepção pela conduta do neto foi tão grande, que dona Zuleika ficou deprimida.

Sofrida, ela não se conformava com a realidade! Adriano foi indiciado por cultivo ilegal de planta proibida, associação ao tráfico de entorpecentes, formação de quadrilha e manipulação terapêutica da erva cannabis.
E encontra-se foragido até hoje!
Ouviu-se rumores de que ele foi visto na Bolívia, mas ninguém quer saber de mais nada quando se toca no assunto!

A maconha cultivada no Haras de dona Zuleika era diferente das outras!
A planta foi manipulada em laboratório e, geneticamente modificada, seu efeito era potencializado cerca de 80 % a mais do que a convencional!

Isso explica o fato de que as senhoras ficam completamente fora si quando tomam o caldeirãozinho de chá DELAS.
E a rapaziada?
Nossa, eram festas encharcadas de churrasco, cerveja e fumaceira todo fim de semana! E a zoação era uníssona.
Mas agora, a realidade se mostrara bem mais dura e desoladora.
Seus nervos andavam em frangalhos, ultimamente.

A livrança dela, é que Seu Onofre; todas às tardes ia até o matagal e colhia uma farta seleta de folhas, troncos e botões da recriminada planta, para que assim, ela fizesse o seu caldeirãozinho de chá e ficasse um tanto mais tranquila e relaxada!

O problema era que dona Zuleika estava ficando cada vez mais desorientada.
As ‘ondas’ que o chá provoca, estavam muito mais acentuadas, fazendo com que a nobre senhora da alta sociedade ficasse totalmente enlouquecida e alucinada, vagando de um lado pro outro da mansão e que, a exemplo do neto, passou a promover churrascos durante a semana, com direito a muita picanha, peixe assado na brasa, caldeirada de camarão, drumet’s de frango, pernil suíno, carne de avestruz ao molho de manga com hortelã, enfim, a mesa estava sempre muito farta durante as comemorações de dona Zuleika e suas amigas.

A série de comilanças prosseguiu acontecendo semanalmente: as terças, quintas, sábados e domingos! O cardápio estava cada vez mais variado e sofisticado.
Tornou-se comum, durante os lanches vespertinos, ter caviar e escargot sendo degustados com limão e pão sírio!

Mirtes como sempre, muito calorenta, paranoica e boa de garfo. Comia feito uma leoa em tempos de amamentação.
Foi advertida por Tia Lourdes semana passada:

“ – olha Mirtes, você fecha essa boca! Tá comendo feito uma leitoa!
Você não tem carro, viaja sempre de van para os lugares, se controla, minha querida! Fica comendo feito bicho, depois fica atrapalhando as outras pessoas ”!

Tia Lourdes tem uma preocupação exagerada com dieta!
Ela faz ginástica todas às manhãs e faz um esforço danado para que as suas laricas sejam comedidas!

Nesse dia, ela finalizou a alfinetada em Mirtes com a seguinte conclusão:

“ – eu acho que gordo deveria pagar duas passagens”!

Mirtes ficou pálida com a sugestão de Tia Lourdes e num fio de voz, perguntou:

“ - tô gorda; é”?

Dona Salete estava visivelmente mais roliça! E isso se explica – ela é uma das mais esfomeadas do grupo. As laricas de dona Salete eram tão avassaladoras, que uma vez elas estavam num restaurante, completamente transtornadas (tomaram um caldeirão de chá da dita erva), e havia um grupo de empresários na mesa ao lado saboreando uma cascata de camarão e ela não conseguiu esperar.
Foi até a mesa onde os executivos estavam sentados e indagou:

- “Senhores, eu sou Salete Mercadante; estou morta de fome, e com uma boca tão seca, meu Deus como eu tô com uma boca seca”!?

Um distinto cavalheiro cedeu uma tulipa de chopp pra que dona Salete se refestelasse! Ela virou tudo num gole só, chegando a ficar com aquele bigodinho de espuma ao redor dos lábios.
Exclamou agradecida; um sonoro: “ – ahhhhh”!

E continuou a narrativa:

“ – eu e as minhas amigas ali, oh ( e apontou para as outras senhoras, que estavam tão chapadas, que por pouco não se meteram debaixo da mesa, fingindo não terem sido percebidas), tomamos um chazinho Xamânico duma erva proibida, os senhores compreendem? E estou enlouquecida de fome! Quero a sua cascata de camarões agora, peço outra pros senhores, mas pelo amor de Deus, saciem a fome duma pobre senhora”!

Bem, com um pedido desses, os senhores à mesa, ficaram super constrangidos e também bastante solidários pelo estado em que Salete se encontrava!
Ela não dizia coisa com coisa, zanzava catatônica pelo salão nobre do restaurante e em alguns momentos, cambaleava e caía na risada depois.
Eles cochicharam meia dúzia de palavras entre si e cederam:

“ – Sim, dona Salete Mercadante, a Senhora pode sim, levar a cascata de camarões, sem problemas! Bom apetite”!

Assim que Salete pegou as travessas de camarão, saiu serelepe em direção as amigas e berrou:

“- encham a BARRIGA, suas finas”!

Os empresários se entreolharam perplexos! Riram muito quando um deles deu o veredito: “- ela tá DOIDA”!

Os hippies e os artistas mambembes que estão instalados em Itaipava ficaram indóceis ao saberem sobre a queimada da plantação ilícita do haras de dona Zuleika.
Trataram de se certificarem a respeito de que horas seria a queimada, para que fossem; é claro, pra lá, fazerem os seus protestos e absorverem um pouco daquele defumador espesso!

Os circenses se encontraram num campinho de futebol, com um grupo de atores de teatro que estavam em cartaz em Itaipava, também com uns malabaristas de rua e outra meia dúzia de exotéricos e, se dirigiram afoitos e ansiosos, para o local onde as toneladas de maconha seriam incineradas.

Voltaram chapados, atordoados, vagando pelas ruas feito um bando de zumbis.
Riam, rolavam pelo chão, brincavam de pique a céu aberto, um alarido jocoso e ritmado! Teve um ator que era capoeirista e, do nada, o cara começou a tocar berimbau no meio da roda.

Nesse dia, as lanchonetes de Itaipava faturaram alto.
A pastelaria chinesa que fica no centro; teve o seu estoque de salgados e sanduíches esgotados em meia hora.
Os artistas estavam padecendo de uma larica homérica.
Foi de tudo: joelho (queijo e presunto), coxinhas, pastéis (de forno) de queijo com catupiry, folhados de peito de peru defumado, quibes, risole de camarão, bolinho de aipim com carne seca, pão de batata recheada com carne de hambúrguer e molho pomarola e várias garrafas de Coca Cola para refrescar a sede a ajudar a degustação da rapaziada esperta e, super descolada.

Caldo de cana também foi muito pedido à mesa.

Na saída, a rapaziada ainda arrematou pipocas diversas, como se estivessem refugiando-se do holocausto. Seu Marcelino ficou com os bolsos cheios de grana.
O carrinho esvaziou em uma hora. Foi de tudo: pipoca doce mergulhada na calda de chocolate, com bastante leite condensado escorrendo pela borda do saquinho, e a tradicional salgada, com bastante bacon, sazon de legumes e queijo parmesão ralado praqueles que apreciavam. (eu detesto queijo ralado)!

Chegou a hora do acerto de contas entre dona Zuleika Munhoz e Abigail Novais, a vizinha arqui-inimiga e fofoqueira.
Zuleika abriu o portão da casa de Abigail e foi entrando sem se anunciar.
Assustada com o barulho do portão batendo, Abigail se desesperou:

“ – você não pode invadir a minha casa, sua cretina”!

Zuleika estava em direção à cozinha, ávida pelo duelo:

“ – eu vou te dar, sua vadia, a coça que estás merecendo a uns quatro anos”!

Apavorada, Abigail Novais, encolhida próxima ao armário de louças, ainda tentou ameaçar a oponente:

“ – eu vou chamar a polícia, te acusando por invasão de domicílio”!

Zuleika debochou:

“ – não vai ser preciso, MEU AMOR,
eu não levarei mais que dez minutos aqui nesse pardieiro”!

E antes que Abigail pudesse piscar os olhos, sentiu a primeira bofetada lhe estalar o meio da cara! Cambaleante, deu de costas no armário, provocando um estrondo violento!
Várias taças, copos, xícaras e pires, despedaçaram-se!

Zuleika encurralou a rival e, golpeou seguidamente, outros sete bofetões!
Enquanto surrava Abigail, gritava:

“ – toma, sua vaca! Eu mato você, sua cachorra”!

Abigail estava sangrando no supercílio e no lábio inferior direito!
Gemia de dor e, aos gritos, suplicava para que não apanhasse mais.
Tentou um movimento brusco, e acertou um chute na barriga de Zuleika, que recuou meio metro, até ser empurrada novamente contra o móvel, causando outro quebra-quebra em sua coleção de cristais!

Dessa vez, Abigail Novais caiu. E foi chutada nas costelas, quatro vezes!
Dona Zuleika calçava um scarpin vermelho, e presumo; que os pontapés devem ter doído pra cacete!

Imobilizada pelas mãos, Abigail estava por baixo! Zuleika, ainda enfurecida, encerrou a surra esbofeteando a megera pelo menos outras cinco vezes!

Os gritos de Abigail eram abafados a cada novo tabefe! E ainda tinha os binóculos!

Zuleika perguntou: “ – e aqueles malditos binóculos, hein”?

Abigail apenas apontou o dedo na direção da mesa de jantar!

Zuleika foi até a área de serviços, pegou um martelo de pequeno porte e espatifou os binóculos em mil pedaços. E ironizou:

“ – agora que quero ver, sua vaca, se você vai ficar espionando os acontecimentos do meu haras”!

Serena, Zuleika se refez, e saiu da casa, deixando Abigail caída no chão e com a cara toda arrebentada de porrada.
Disse apenas: “ - au revoir”!

E seguiu caminhando solenemente em direção ao haras, como se não estivesse acontecido NADA.
Justiça determina destruição do matagal de dona Zuleika em Itaipava!

A campainha tocou na tarde de ontem na mansão de dona Zuleika Munhoz em Itaipava. 
Era Albertino Queirós, oficial de justiça, levando consigo um mandado judicial que decretava: a plantação de maconha transgênica, cultivada ilegalmente em seu haras, deveria ser totalmente destruída nos próximos dias. 
E Adriano, neto de dona Zuleika, continuava foragido da justiça por tamanha faceta aprontada. 

O clima era de tristeza e consternação. 
Dona Zuleika ficou chorosa após a intimação. 
Ligou para sua velha amiga, tão querida, dona Júlia Cavalcanti. 
Sim, senhoras e senhores: dona Zuleika e dona Júlia são mui amigas! 
Há muito tempo, eu diria!

A protagonista do romance “ A Neta de Dona Júlia” não titubeou. 
Pegou o helicóptero e foi até Itaipava visitar Zuleika em sua mais total solicitude e solidariedade pelo momento delicado em que a milionária atravessava. 
Na verdade, dona Júlia vai à Itaipava quatro vezes por ano! 
É que ela é paciente da Dra. Danielle Fraser, sua médica pessoal e amiga confidente.

Mas não era sempre que dona Zuleika recebia essa ilustre visita. 
As duas se abraçaram, riram, contaram piadas, falaram dos problemas, choraram, jogaram buraco com seu Onofre, assistiram ao DVD da Amy Winehouse que o Adriano esquecera antes de fugir da cidade, enfim, a tarde estava deliciosa entre eles. 

Eis que dona Júlia manifestou sua curiosidade: 

“ – quero conhecer o matagal de cannabis, Zuleika”! 

E lá foram elas, de foice nas mãos, entrando na mata fechada que os galhos de maconha propiciaram. Dona Júlia estava, de fato, bastante impressionada!
A plantação era linda! Resolveu que queria experimentar o tal chá fabuloso!
Beberam, beberam e se deliciaram! Ficaram completamente loucas! 

Durante duas horas de conversa, tomaram o caldeirão de chá DELAS, solenemente. Dona Júlia estava tão desorientada que esqueceu que estava a bordo dum helicóptero e queria voltar pro Rio de Janeiro, montada elegantemente, numa carruagem imperial. Riram feito hienas sobre isso!

Dona Júlia descobriu o porquê da amizade tão íntima entre Adriano e Ludmila Cavalcanti. Netos, respectivamente de Zuleika e Júlia. 
A verdade era que Ludmila estava fumando maconha artesanal cultivada no haras de sua grande amiga, por intermédio do neto da matriarca dos Munhoz! 
Ambos davam festinhas badaladas em seus apartamentos (Ipanema e Leblon).

Outro dia, dona Júlia foi acordada às quatro da manhã, pelo delegado do batalhão de Copacabana, avisando que Ludmila estava detida para uma conversa, porque foi flagrada arrumando confusão numa boate em Ipanema, completamente bêbada e chapada de fumo artesanal. 

Era isso, estava tudo esclarecido a respeito desse comportamento alucinado de sua neta. Ludmila não se abria. Quando indagada sobre qualquer coisa, respondia que não queria saber de mais nada e saía pra bater pernas e vadiar com os amigos pelas noites cariocas.

Não havia o que se dizer, então, dona Júlia resolveu fazer tal e qual a sua neta, quis fumar maconha do jeito convencional. Segundo ela, relembraria com isso, os seus tempos em que viveu como hippie numa aldeia aborígene no interior de Goiás.

Ninguém sabia disso até então.

Dona Júlia elaborou um enorme charuto. Pegou o isqueiro, acendeu o baseado e tragou intensamente. Tossiu duas vezes. 
Passou o cigarro pra dona Zuleika e disse: “ – é bom, Zu”!

Ambas se refestelaram com o fumo. Ficaram ainda mais enlouquecidas. Riram tão alto que Abigail Novais acendeu a luz do terraço de sua casa, só pra ficar observando a farrinha na casa de Zuleika. 
A hora de Abigail estava chegando, jurou indignada, Zuleika, enquanto dava outra baforada no charuto de cannabis. 

Bateu a larica nas posudas senhoras de alta classe.

Foi um troço impressionante! As duas, simplesmente, ARRASARAM com tudo o que havia na despensa e na geladeira. 
Dona Júlia, dona dum paladar sofisticado, deu preferência aos cookies belgas, ao chocolate suíço e, principalmente, aos frios importados. 
Dona Zuleika devorou uma travessa de mini-quibes, coxinhas e enroladinhos de camarão.

Encerraram a noite, trôpegas, brindando com uma garrafa de champanhe francês.

Dona Júlia retornou ao Rio de Janeiro acreditando que o seu helicóptero, era na verdade, um disco voador supersônico e intergaláctico. 
Virou a piada interna entre as duas loucas de pedra.

Dona Salete é quem mais tem sofrido com a notícia de que o matagal será incinerado; arrancado pela raiz. Ela pediu que dona Zuleika estocasse uma boa quantidade de ervas na despensa, que é pra depois que se suceder a desgraceira, elas ficarem abastecidas pelo menos por alguns meses, evitando assim, que se privem de apreciar o seus novos hábitos adquiridos!

No dia combinado para a incineração da maconha, isso seria feito na manhã de sexta, em dois tonéis de petróleo desativados, dona Zuleika abriu as janelas de seu quarto e ficou lá do alto, apreciando pela última vez, a paisagem verde propiciada pelo farto roçado cultivado indevidamente!

Entristecida, melancólica, arrasada totalmente, por tudo, principalmente, pelo fato de que o seu tão amado neto Adriano, provocara em sua família um dos maiores golpes possíveis, um escândalo que repercutiu até na imprensa. 
A decepção pela conduta do neto foi tão grande, que dona Zuleika ficou deprimida.

Sofrida, ela não se conformava com a realidade! Adriano foi indiciado por cultivo ilegal de planta proibida, associação ao tráfico de entorpecentes, formação de quadrilha e manipulação terapêutica da erva cannabis. 
E encontra-se foragido até hoje! 
Ouviu-se rumores de que ele foi visto na Bolívia, mas ninguém quer saber de mais nada quando se toca no assunto!

A maconha cultivada no Haras de dona Zuleika era diferente das outras! 
A planta foi manipulada em laboratório e, geneticamente modificada, seu efeito era potencializado cerca de 80 % a mais do que a convencional!

Isso explica o fato de que as senhoras ficam completamente fora si quando tomam o caldeirãozinho de chá DELAS. 
E a rapaziada? 
Nossa, eram festas encharcadas de churrasco, cerveja e fumaceira todo fim de semana! E a zoação era uníssona. 
Mas agora, a realidade se mostrara bem mais dura e desoladora. 
Seus nervos andavam em frangalhos, ultimamente.

A livrança dela, é que Seu Onofre; todas às tardes ia até o matagal e colhia uma farta seleta de folhas, troncos e botões da recriminada planta, para que assim, ela fizesse o seu caldeirãozinho de chá e ficasse um tanto mais tranquila e relaxada!

O problema era que dona Zuleika estava ficando cada vez mais desorientada. 
As ‘ondas’ que o chá provoca, estavam muito mais acentuadas, fazendo com que a nobre senhora da alta sociedade ficasse totalmente enlouquecida e alucinada, vagando de um lado pro outro da mansão e que, a exemplo do neto, passou a promover churrascos durante a semana, com direito a muita picanha, peixe assado na brasa, caldeirada de camarão, drumet’s de frango, pernil suíno, carne de avestruz ao molho de manga com hortelã, enfim, a mesa estava sempre muito farta durante as comemorações de dona Zuleika e suas amigas. 

A série de comilanças prosseguiu acontecendo semanalmente: as terças, quintas, sábados e domingos! O cardápio estava cada vez mais variado e sofisticado. 
Tornou-se comum, durante os lanches vespertinos, ter caviar e escargot sendo degustados com limão e pão sírio!

Mirtes como sempre, muito calorenta, paranoica e boa de garfo. Comia feito uma leoa em tempos de amamentação. 
Foi advertida por Tia Lourdes semana passada: 

“ – olha Mirtes, você fecha essa boca! Tá comendo feito uma leitoa! 
Você não tem carro, viaja sempre de van para os lugares, se controla, minha querida! Fica comendo feito bicho, depois que fica atrapalhando as outras pessoas ”! 

Tia Lourdes tem uma preocupação exagerada com dieta! 
Ela faz ginástica todas às manhãs e faz um esforço danado para que as suas laricas sejam comedidas!

Nesse dia, ela finalizou a alfinetada em Mirtes com a seguinte conclusão: 

“ – eu acho que gordo deveria pagar duas passagens”!

Mirtes ficou pálida com a sugestão de Tia Lourdes e num fio de voz, perguntou: 

“ - tô gorda; é”?

Dona Salete estava visivelmente mais roliça! E isso se explica – ela é uma das mais esfomeadas do grupo. As laricas de dona Salete eram tão avassaladoras, que uma vez elas estavam num restaurante, completamente transtornadas (tomaram um caldeirão de chá da dita erva), e havia um grupo de empresários na mesa ao lado saboreando uma cascata de camarão e ela não conseguiu esperar. 
Foi até a mesa onde os executivos estavam sentados e indagou:

- “Senhores, eu sou Salete Mercadante; estou morta de fome, e com uma boca tão seca, meu Deus como eu tô com uma boca seca”!?

Um distinto cavalheiro cedeu uma tulipa de chopp pra que dona Salete se refestelasse! Ela virou tudo num gole só, chegando a ficar com aquele bigodinho de espuma ao redor dos lábios. 
Exclamou agradecida; um sonoro: “ – ahhhhh”!

E continuou a narrativa: 

“ – eu e as minhas amigas ali, oh ( e apontou para as outras senhoras, que estavam tão chapadas, que por pouco não se meteram debaixo da mesa, fingindo não terem sido percebidas), tomamos um chazinho Xamânico duma erva proibida, os senhores compreendem? E estou enlouquecida de fome! Quero a sua cascata de camarões agora, peço outra pros senhores, mas pelo amor de Deus, saciem a fome duma pobre senhora”!

Bem, com um pedido desses, os senhores à mesa, ficaram super constrangidos e também bastante solidários pelo estado em que Salete se encontrava! 
Ela não dizia coisa com coisa, zanzava catatônica pelo salão nobre do restaurante e em alguns momentos, cambaleava e caía na risada depois.
Eles cochicharam meia dúzia de palavras entre si e cederam:

“ – Sim, dona Salete Mercadante, a Senhora pode sim, levar a cascata de camarões, sem problemas! Bom apetite”!

Assim que Salete pegou as travessas de camarão, saiu serelepe em direção as amigas e berrou:

“- encham a BARRIGA, suas finas”!

Os empresários se entreolharam perplexos! Riram muito quando um deles deu o veredito: “- ela tá DOIDA”!

Os hippies e os artistas mambembes que estão instalados em Itaipava ficaram indóceis ao saberem sobre a queimada da plantação ilícita do haras de dona Zuleika.
Trataram de se certificarem a respeito de que horas seria a queimada, para que fossem; é claro, pra lá, fazerem os seus protestos e absorverem um pouco daquele defumador espesso!

Os circenses se encontraram num campinho de futebol, com um grupo de atores de teatro que estavam em cartaz em Itaipava, também com uns malabaristas de rua e outra meia dúzia de exotéricos e, se dirigiram afoitos e ansiosos, para o local onde as toneladas de maconha seriam incineradas. 

Voltaram chapados, atordoados, vagando pelas ruas feito um bando de zumbis. 
Riam, rolavam pelo chão, brincavam de pique a céu aberto, um alarido jocoso e ritmado! Teve um ator que era capoeirista e, do nada, o cara começou a tocar berimbau no meio da roda.

Nesse dia, as lanchonetes de Itaipava faturaram alto. 
A pastelaria chinesa que fica no centro; teve o seu estoque de salgados e sanduíches esgotados em meia hora. 
Os artistas estavam padecendo de uma larica homérica. 
Foi de tudo: joelho (queijo e presunto), coxinhas, pastéis (de forno) de queijo com catupiry, folhados de peito de peru defumado, quibes, risole de camarão, bolinho de aipim com carne seca, pão de batata recheada com carne de hambúrguer e molho pomarola e várias garrafas de Coca Cola para refrescar a sede a ajudar a degustação da rapaziada esperta e, super descolada. 

Caldo de cana também foi muito pedido à mesa.

Na saída, a rapaziada ainda arrematou pipocas diversas, como se estivessem refugiando-se do holocausto. Seu Marcelino ficou com os bolsos cheios de grana. 
O carrinho esvaziou em uma hora. Foi de tudo: pipoca doce mergulhada na calda de chocolate, com bastante leite condensado escorrendo pela borda do saquinho, e a tradicional salgada, com bastante bacon, sazon de legumes e queijo parmesão ralado praqueles que apreciavam. (eu detesto queijo ralado)!

Chegou a hora do acerto de contas entre dona Zuleika Munhoz e Abigail Novais, a vizinha arqui-inimiga e fofoqueira. 
Zuleika abriu o portão da casa de Abigail e foi entrando sem se anunciar. 
Assustada com o barulho do portão batendo, Abigail se desesperou: 

“ – você não pode invadir a minha casa, sua cretina”! 

Zuleika estava em direção à cozinha, ávida pelo duelo: 

“ – eu vou te dar, sua vadia, a coça que estás merecendo a uns quatro anos”!

Apavorada, Abigail Novais, encolhida próxima ao armário de louças, ainda tentou ameaçar a oponente: 

“ – eu vou chamar a polícia, te acusando por invasão de domicílio”!

Zuleika debochou: 

“ – não vai ser preciso, MEU AMOR, 
eu não levarei mais que dez minutos aqui nesse pardieiro”!

E antes que Abigail pudesse piscar os olhos, sentiu a primeira bofetada lhe estalar o meio da cara! Cambaleante, deu de costas no armário, provocando um estrondo violento! 
Várias taças, copos, xícaras e pires, despedaçaram-se! 

Zuleika encurralou a rival e, golpeou seguidamente, outros sete bofetões!
Enquanto surrava Abigail, gritava: 

“ – toma, sua vaca! Eu mato você, sua cachorra”! 

Abigail estava sangrando no supercílio e no lábio inferior direito! 
Gemia de dor e, aos gritos, suplicava para que não apanhasse mais. 
Tentou um movimento brusco, e acertou um chute na barriga de Zuleika, que recuou meio metro, até ser empurrada novamente contra o móvel, causando outro quebra-quebra em sua coleção de cristais!

Dessa vez, Abigail Novais caiu. E foi chutada nas costelas, quatro vezes! 
Dona Zuleika calçava um scarpin vermelho, e presumo; que os pontapés devem ter doído pra cacete!

Imobilizada pelas mãos, Abigail estava por baixo! Zuleika, ainda enfurecida, encerrou a surra esbofeteando a megera pelo menos outras cinco vezes!

Os gritos de Abigail eram abafados a cada novo tabefe! E ainda tinha os binóculos!

Zuleika perguntou: “ – e aqueles malditos binóculos, hein”?

Abigail apenas apontou o dedo na direção da mesa de jantar!

Zuleika foi até a área de serviços, pegou um martelo de pequeno porte e espatifou os binóculos em mil pedaços. E ironizou:

“ – agora que quero ver, sua vaca, se você vai ficar espionando os acontecimentos do meu haras”!

Serena, Zuleika se refez, e saiu da casa, deixando Abigail caída no chão e com a cara toda arrebentada de porrada. 
Disse apenas: “ - au revoir”!

E seguiu caminhando solenemente em direção ao haras, como se não estivesse acontecido NADA.