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Estive pensando a respeito do suicídio!!!
O Brasil inteiro, bem na calada da noite, foi surpreendido pela notícia da morte do ator, produtor e diretor de tv, teatro e cinema, Walmor Chagas, aos oitenta e dois anos, com uma bala na cabeça, em sua casa de campo no interior de São Paulo.
A polícia trabalha com a hipótese de suicídio!
As circunstâncias com que o corpo fora encontrado ainda são e estão bastante discutíveis!
Os poucos vizinhos de Walmor Chagas informaram em entrevista, que a rotina do ator se mantinha super tranquila, no entanto, ele pouco saía de casa ultimamente!
E quando saía era para realizar alguns trabalhos e também resolver assuntos ligados a vida pessoal.
(ele estava com problemas de saúde, e por isso, frequentava um médico amiúde).
Não se soube de nada a respeito dessa doença, nem que doença era; o que provocava? Enfim, acredito que ter optado pela discrição, foi mais uma vez, uma decisão muito elegante por parte do ilustre mencionado.
" - o Walmor Chagas era irremediavelmente cavalheiro! Seu charme e alto garbo seduziam as moçoilas de todas as gerações"! - dizia uma fã emocionada!
As redes sociais foram devastadas pela repercussão da notícia!
A velha reflexão a respeito do suicídio foi trazida à tona!
Muitos estavam chocados, tristes, porém, se sentindo em paz pelo fato de considerarem a coragem do ator em sair de cena, da vida, na hora que bem quis; um gesto nobre e formidável!
Em contrapartida, outro grupo manifestava pesar, tristeza, choque, mas também repúdio, por que em sua grande maioria, religiosos praticantes, consideram a ideia do suicídio um ato covarde, cruel, abominável e que, inclusive, extirpa do suicida todas as possibilidades de entrar no reino dos céus.
Pros crédulos mais ferrenhos é assim:
“- se matou? Vai pro inferno de primeira classe”!
Li uma postagem do escritor paulistano Santiago Nazarian, que dizia coisas bastante interessantes a respeito do suicídio. Santiago, por sua vez, escritor ‘com pegada gótica’, teceu um discurso elogioso a respeito do ato de se tirar a própria vida!
Os adjetivos mais comuns foram coragem, orgulho, humildade, desapego e nobreza!
O tópico publicado no facebook; em menos de meia hora, batia recordes de comentários.
Comentários exaltados, fervorosos, tristonhos, consoladores; davam o tom da sabatina.
Reli o texto, esmiucei a participação dos internautas e, sendo coerente, considero a opinião do Santiago Nazarian, merecedora de pelo menos umas mil curtidas por pessoa.
Eu também considero o suicídio um gesto de nobreza, desapego, coragem e até mesmo de humildade! Mas eu tenho um medo imenso da hecatombe, que esse mesmo gesto corajoso, pode acarretar pra todos os envolvidos numa fatalidade dessas.
Depois, refletindo mais serenamente sobre o assunto, aquieto minhas ideias mais insanas! Ao mesmo tempo em que eu penso na autonomia que o suicídio exerce pelo indivíduo, esbarro na linha tênue que separa a tristeza, a dor, e também uma dose bem servida de egocentrismo, daquele que se mata, sabiam?
Mais aí, você que está lendo esse texto agora, deve estar indignado com a minha dualidade explícita nos dois parágrafos acima. Como eu posso considerar o suicídio um ato nobre e humilde e logo em seguida cair na conversinha de que tá com medo de parecer egocêntrico?
Pois é! Existem casos e acasos, coisas e situações, pensamentos que brotam, afloram, mas que nem sempre se consumam. Ainda bem!
Se fosse o contrário, eu também já teria me matado!
Eu já pensei em suicídio algumas vezes ao longo da vida.
Pensava em tudo: em como iria morrer, o dia, a hora, ficava na dúvida se morria despencando de um edifício ou dormindo a base de vinte comprimidos de Lexotan! Mas uma coisa eu garanto: eu só pensei mesmo!
Eu nunca tive problemas ou inquietudes que justificassem uma decisão tão radical feito essa!
Tenho amigos que se mataram. Um, inclusive, se matou ano passado!
Pôs uma corda no pescoço e se enforcou. Não vou mencionar as razões que ele tinha pra ter feito o que fez, mas a sua morte brutal e repentina, causou em todos nós, um desespero, inconformismo, uma dor tão pungente que, fatalmente, jamais o esqueceremos!
E a cada lembrança, a cicatriz vai se abrir e sangrar mais um bocado.
Em relação ao Walmor Chagas, ele teve uma vida profissional gloriosa, eterna e inesquecível! Viveu bastante e parece ter vivido muito bem as situações destinadas a ele ao longo desse trajeto! E uma decisão dessas, de morrer antes da hora, não necessariamente; sei lá, realmente surpreende pelo estupor que a própria morte estabelece em suas multi facetas.
Agora é o seguinte: se ele estava doente, de fato, e essa mazela era séria a ponto de não ser revertida, sinceramente, eu respeito à decisão tomada por esse ator extraordinário!
Não sei até que ponto, o indivíduo é capaz de conseguir lutar contra um câncer raro, progressivo e devastador, por exemplo. Não se sabe ainda, se era esse o caso dele, mas...
Penso que uma pessoa que viveu oitenta e dois anos não ‘merece’ um final tão sofrível, agonizante e soterrador; em decorrência de um câncer.
E com isso, pra se poupar e também poupar o sofrimento dos amigos e familiares, ele foi lá e deu um tiro em si mesmo e acabou com qualquer possibilidade de reação.
E seja lá o que for que os religiosos digam ou pensem a respeito, acredito plenamente que a salvação é individual. E Deus é misericórdia! Então, ele que se entenda lá com Deus e chegue a um consenso mais ameno e apaziguador!
Eu sou espírita e como tal, acredito que o suicídio retarda a capacidade espiritual de evolução ao longo das existências. Mas quer saber?
Não vou fomentar qualquer discussão de cunho ecumênico nessa narrativa!
Cada um que tire as suas próprias conclusões pessoais, certo?
Teve uma vez, que eu padeci de uma crise emocional e existencial mais acirrada.
E uma série de fatores contribuía fortemente para que a minha ‘dor’ se tornasse ainda mais pungente!
E nesse meio tempo rolava de tudo! Eu sempre agregava mais uma trolha para incrementar o dilema dramático da temporada.
E o faniquito teve oscilações bastante ampliadas! Mas eu nunca chegava às vias, de fato. Sempre era consolado por algum amigo mais chegado, às vezes, chorava um vale de lágrimas, mas retornava a normalidade, sentando em algum quiosque apreciando um bom drink e contando piadas sujas.
Graças a Deus!
Talvez eu não tenha me matado porque sou um cara que sabe rir de si mesmo!
E quando a gente adquire essa capacidade, amadurece, passa a fazer uso produtivo da ironia a seu dispor.
E se a vida é uma ironia, vamos segui-la, conciliando uma harmonia possível entre o trajeto em que se nasce até o dia do juízo final!
No meu caso, a ideia de suicídio foi descartada definitivamente, no dia em que estava tristonho e varei a tarde me encharcando de drink’s. Lá pelas tantas, eu estava caindo de bêbado pela casa, completamente desorientado e aos prantos!
E fui flagrado, nesse estado, pela minha irmã que tinha acabado de voltar da rua. Lógico, ela me levou pro quarto pra ter uma conversa daquelas bem sérias!
Eu chorei toda a minha dor, esvaziei o meu saco de angústias. Várias vezes; tive que me segurar nas coisas que era pra não cair, tamanha era a “rachação do meu bico” naquele momento! E concluí que a saída mais adequada para minha existência era dar cabo de mim mesmo.
Pronto, fodeu!
Minha irmã me deu uma sacudida bem forte nos braços e já chorosa, disse com um tom firme e autoritário:
“ – se você me ama e ama a sua família, do jeito que tanto se gaba, pense bem na merda que está dizendo! Você, com uma atitude dessas, não vai resolver nenhum problema! E seja o que for, uma hora, as coisas se transformam e a gente se recupera. Agora, se você matar, você vai acabar com a minha vida, a do seu irmão e, principalmente, vai destruir a vida da nossa mãe. Isso não é justo!
A gente não merece pagar pelo seu drama”!
Fiquei muito envergonhado e assenti que isso não condizia com as coisas que eu pensava e acreditava ser capaz de construir a minha volta!
E acredito em superação sim!
E daí que o mundo é perverso? Já era meio assim quando a gente veio pra cá!
Engoli um choro, tomei uma ducha gelada, curei o porre, engoli um comprimido e dormi. Nem ressaca eu tive!
Daí pra cá, nunca mais pensei em fazer porra nenhuma dessa categoria!
A vida é uma ciranda e eu quero é estar com as pessoas que amo, pra mode brincar nela, ué!
Problemas, todo mundo tem! Mas a gente soluciona com algum jogo de cintura!
Imagina; que babaquice seria; eu me matar e perder o privilégio e as glórias de viver as coisas ótimas que tenho vivenciado?
E assim por diante!
Não tenho todos os amigos, mas os que tenho, são meus! E têm a mim. E isso basta!
Nunca tive câncer e espero não desenvolver.
Aliás, eu não quero que ninguém tenha câncer!
Não sei como me comportaria numa situação tão confrontadora quanto receber um diagnóstico terminal. Mas aí, se por ventura, eu percebesse que a doença não teria reversão, ah sei lá, eu andei lendo umas publicações muito interessantes a respeito do direito à eutanásia.
É bastante polêmico e intrigante esse tema. Mas eu procuro analisar as condições pela ótica de quem está reivindicando a interrupção da própria vida.
A eutanásia, no entanto, é proibida por lei em quase todo o mundo. Parece que só na Holanda que é permitida!
Mas aí, queridos leitores, é uma trama bem mais intrincada e discutível do que se parece. Daria outra crônica, certamente.
Ou quem sabe, um livro! Han?
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