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A entrevista da semana! (e com direito a lobissote)!
Sábado de manhã é dia de fazer o quê?
Acertou em cheio quem pensou na entrevista da semana.
E aos queridos amigos, posso confessar que estava com saudade de bater papo com alguma personalidade local, que estivesse, é claro, a fim de dividir suas experiências recentes.
E sendo assim, adentrei o condomínio de luxo na Praia dos Amores, e toquei a campainha da casa da artista plástica Domenica Priolli de Aguiar, que na quinta feira passada, reuniu 10 amigos num jantar de comemoração pelos seus 67 anos.
No saguão da entrada principal, várias obras de arte, esculturas da arquitetura europeia, telas valiosas penduradas na parede, davam um clima de riqueza e glamour pós-Era Moderna.
Agora, susto mesmo eu levei, quando caminhei em direção à lareira.
Me deparei com lobissote ali, todo empalhado, como se pudesse me engolir com essa bocarra toda cheia de dentes trincados (vide foto).
Eu senti um arrepio macabro percorrer a minha alma magrela. Era como se eu pudesse visualizar uma caçada mortal a outros lobissotes da mesma espécie.
Fui surpreendido por Domenica, que entrou sorrateira e logo me indagou:
“- tá apreciando os meus bichinhos, Senhor Will Fernandes”?
Por pouco eu não dei um berro, deixando escapar assim, a franga medrosa que habitava dentro de mim mediante aquela penumbra matinal.
Curioso, perguntei o porquê dela colecionar tantos bichos empalhados pela casa?
É isso mesmo, gente; havia mais bichos pendurados pela copa da mansão da artista.
Havia um bode, um gato siamês, um urubu Rei, uma raposa canadense e também uma gazela austríaca.
As expressões de horror que os bichos demonstravam em seu eterno estado de ser, fascinavam a minha anfitriã.
E ela me confessou:
“ – olha, Sr. Will, eu sempre gostei muito desse universo fantasmagórico!
Quando o meu marido era vivo, a gente ia pra Europa pelo menos umas quatro vezes por ano para caçar raposas. Eu, como toda mulher fina que se preze, sempre gostei muito de usar casacos de peles legítimas.
E o Gervásio me concedia esses dengos em todas as estações do ano”!
E a conversa prosseguiu animada.
Domenica me ofereceu vinho tinto e brindamos a tranquilidade bucólica que a rodeia nesses 67 anos recém completados.
Ela me autorizou publicar a foto de lobissote e disse que o que mais gosta de fazer aqui em Araruama é jogar tranca com a sua amiga Antonieta Vieira de Castro.
Ela cantarolou um trechinho de Reza, atual sucesso da Rita Lee, enquanto enchia a minha taça. Aproveitei a deixa e disse que também sou muito fã da Rita Lee.
Falei ainda que admiro à autenticidade de artistas feito ela.
E veio a seguinte preciosidade:
“ – eu entendo a Rita Lee, Sr. Will, porque uma mulher com mais de 60 anos pode falar tudo o que quiser e fazer coisas que até Deus duvida”!
E concluiu que o nome adequado pra isso é “autonomia da maturidade”!
Perguntei a ela, então, como se sentia ao completar 67 de idade?
E veio a resposta cortando a minha cara como se fosse um raio:
“ – me sinto velha, ora essa! Velha e mais perto da morte, porém, nada disso me desanima, sabe por quê, queridinho?
Porque eu já vivi o bastante e tenho consciência de que não serei a única a morrer”!
Antes de encerrar a entrevista, eu perguntei a Domenica Priolli o seguinte:
“- qual frase te definiria hoje, minha querida”?
E calmamente, ela sorveu mais uma golada de vinho, sorriu entre os dentes e concluiu:
“ – eu sou uma sábia do terceiro milênio”!
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