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Araruama 35º
E estamos com a nítida sensação de que o verão chegou mais cedo!
Que calor é esse?
Nada melhor do quê caipirinha, peixe frito e aquele visual paradisíaco do mar de Praia Seca como pano de fundo, né mesmo?
No último sábado, levei o Caio e a Valentina, dois amigos meus, que são estudantes de cinema, para curtirem à tarde nesse clima.
Eles estão na região para realizarem um intercâmbio cultural, o que certamente, resultará no projeto de Curta Metragem patrocinado pela Petrobrás e pelo Itaú Cultural.
Anteontem, duas e pouca da tarde, numa rua movimentada do Parque Hotel, Caio e Valentina aterrissaram com toda a parafernália para que pudessem realizar as tais filmagens.
Valentina interpretou uma repórter do (clima tempo) e o objetivo da entrevista era justamente, ouvir as pessoas se queixando do calor.
Dependendo do contexto, o Caio dava um banho de mangueira no entrevistado.
Eu fiquei morrendo de medo, porque afinal de contas, ninguém tinha a menor ideia de como seria a reação das pessoas.
E eu estava certo!
Teve muita gente que reagiu super mal ao ser surpreendida com o intenso volume de água despejando sobre a cabeça; assim, do nada!
A mocinha que trabalha no banco, coitada, teve que voltar correndo pra casa, se trocar, secar o cabelo e rezar a Deus, pro gerente se esquecer da reunião.
Mas ela teve bom humor!
Saiu rindo e ainda deu três beijinhos no Caio.
O entregador de gás, que pilotava uma moto de baixa cilindrada, até tentou escapar do banho de mangueira a céu aberto, mas acabou mesmo tendo que passar o resto da tarde com o uniforme encharcado.
Teve uma senhora, que estava atrasada pro dentista; que logo depois de levar o banho de mangueira DELA, ficou tão furiosa, mas tão furiosa, que gritou pelo menos uns 30 palavrões durante a discussão.
Eu fiquei do outro lado da rua, acompanhando tudo, devo confessar: APAVORADO!
A cada pessoa que o Caio dava um banho de mangueira, eu ficava pensando se aquilo poderia ter uma reação mais agressiva ou não.
Teve uma hora que não teve jeito: o caldo não só engrossou; como, de fato, acabou entornando de vez.
Uma mulher que voltava do cabeleireiro, havia retocado luzes, feito hidratação, escova, chapinha, tudo que teve direito. Com essa mulher, a confusão foi inevitável.
Ela vinha caminhando pela calçada, mexendo no cabelo, feliz da vida, porque segundo eu fiquei sabendo, ela iria a uma formatura, enfim, a Valentina veio com a mesma conversa fiada de outrora:
"- Oi, meu nome é Valentina Gusmão, eu sou produtora de cinema e estou realizando uma pesquisa sobre a mudança climática. Por exemplo, eu vejo que você passou horas sob o calor do secador. A sensação termina deve ter lhe causado um desconforto e tanto, não foi"?
A moça sorriu e respondeu:
" - nem me fale, eu dava tudo pra tomar um bom banho de mangueira!
Dito isso: “- chuááááááááááááá´”!
O Caio nem sequer titubeou. Lançou um jato d’água tão forte sobre a mulher, que o cabelo dela ficou lambido e (por que não?), destruído, na mesma hora!
A mulher gritou tanto, mas tanto, que eu achei que ela fosse surtar no meio da rua! Xingou uns palavrões, acertou a bolsa duas vezes na cara da Valentina e ameaçou quebrar o equipamento do Caio, pelo menos, umas cinco outras vezes.
E quando ela disse: "- vamos resolver isso na delegacia, meus queridos"!
Eu pensei: " - pronto, deu merda"!
A equipe levou uns quarenta minutos para convencer a mulher a não dar queixa na D.P.
Argumentaram que aquilo não passava de uma brincadeira, que era um filme prum projeto de Curta Metragem, e tudo mais, enfim, depois de muita choradeira e acordos, a mulher foi embora com R$ 300, (ressarcimento justo) para que ela pudesse, então, se arrumar novamente.
Teve uma senhora, de idade, que ficou tão indignada com a “brincadeira”, que ameaçou pedir ajuda ao sobrinho dela.
Detalhe: o cara mora na Favela do Lixo, em Cabo Frio.
Ficamos receosos com essa informação.
Toda hora eu tentava alertar os meus amigos de que aquilo já estava indo longe demais. Que seria sensato dar um stop nas filmagens e irmos tomar um choppinho nos quiosques da orla.
Nada disso adiantava. A cada vez que uma pessoa tomava um banho de mangueira, eu rolava de rir!
Devo admitir: eu ri tanto, mas tanto, que teve uma hora que eu caí na calçada e fiquei rolando de rir, dum lado pro outro, com a mão na barriga e tudo.
Péssimo exemplo, eu sei!
Mas a espontaneidade das pessoas envolvidas era o motivo de toda graça!
O sol começava a se pôr, quando partimos pra casa.
Caio e Valentina estavam tão animados com o seu “curta metragem” que logo trataram de agendar outras filmagens, desse tipo, pela cidade.
Os bairros onde as sequências (entrevista + banho) acontecerão são:
XV de Novembro, Vila Capri, Parque Mataruna e Outeiro!
Tenho a sensação de que isso ainda pode acabar em confusão (das maiores)!
(Ps: esse texto foi publicado originalmente no espaço Fala Cidadão em 12/09/2012)
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