domingo, 17 de março de 2013

Aonde existe Amor!!!


A narrativa desta semana, Senhores, é resultado de um encontro muito proveitoso com uma família tipicamente interessante.
Fui apresentado ao casal Marcos Paulo e Adriele, por intermédio de uma amiga em comum, e nos afeiçoamos de imediato!

Mantivemo-nos em contato regular por cerca de seis meses, até eu me sentir finalmente a vontade, a ponto de requisitar uma entrevista, se é que posso classificar assim, o enorme e recíproco prazer de estar na companhia uns dos outros.

Este registro, especificamente, foi sugestão do próprio Marcos, que ao descobrir que eu escrevia; se entusiasmou com a ideia de me contar minúcias sobre a sua vida familiar em comum.
Adriele me cativara à primeira impressão. Uma mulher imensamente simples, porém, extremamente agradável e bem articulada!

Eu havia, descontraidamente, mencionado sobre as minhas pretensões literárias, e ela, de forma sorridente e receptiva, quis saber o que seria necessário, para que eu transformasse, ainda que de maneira resumida, sua saga cotidiana num texto que se encaixasse ao meu projeto.

Foi por e-mail que Adriele e Marcos, preliminarmente, tiveram o primeiro contato com os meus escritos. E eles realmente gostaram! Tanto é que, a cada nova publicação neste espaço, a gente se telefonava e dava muitas risadas por causa dos acontecimentos narrados!

O dia sugerido, para que eu obtivesse as informações necessárias para criar este texto, foi domingo!

Marcos e Adriele me convidaram prum churrasco, exclusivo, na casa onde vivem com os seus quatro filhos: Justin Jackson (10), Ketlen Ohara (8), Jenifer Jolie (6) e Maicon Bieber (3).

Os filhos de Marcos e Adriele Silva são uma graça! Cada um a seu modo, são extremamente sapecas, antenados, curiosos e muito, mas muito inteligentes!
Os nomes das crianças; foram escolhidos de maneira planejada, visando, é claro, homenagear os grandes ídolos apreciados pelo casal.

Cheguei por volta das nove e meia! A manhã ensolarada estava propícia ao que tínhamos em mente: diversão, comidinha, prosa, irreverência, cerveja gelada, vinho tinto e outras seletas variadas de finesses, elaboradas com afinco e total boa vontade!

Foi Justin Jackson quem abriu o portão, gritando aos quatro cantos:
“ – Mãe, tio Will chegou”!

E em poucos minutos, fui abraçado carinhosamente por todos eles e, claro, pela anfitriã, que me ofereceu uma cerveja e a recomendação para que eu me sentisse totalmente em casa!
E foi exatamente assim que fiquei o tempo todo, extremamente à vontade! Marcos estava jogando futebol com os amigos, porém, não tardaria!

Levei doces e guloseimas para a criançada! Eles se refestelaram, obvio, e tiraram um baita sarro da minha cara, todas às vezes, que eu confundia os seus nomes!

Ketlen Ohara estava entretida mexendo no Facebook, enquanto Jenifer Jolie insistia em ajudar a mãe com os preparativos do nosso banquete!
Uma bonequinha, essa guria!

Justin Jackson; assistia um desenho animado no Cartoon e depois resolveu me mostrar o seu novo jogo de futebol, para PlayStation (2).
Maicon Bieber corria pelo quintal atrás do cachorro!

Adriele abriu o freezer e me contemplou com um presente delicadíssimo: três garrafas de vinho tinto (Santa Carolina – Sauvignon Cabernet).
Pensei: “- hoje eu vou me esbaldar”!

Agradeci o mimo, pedindo um saca rolhas e uma taça bem robusta! Acendemos um cigarro e brindamos alegremente o acontecimento feliz, profetizando o nosso bem estar pleno!

Marcos chegou antes do meio dia! Foi extremamente simpático, perguntou se eu estava à vontade, trazia duas caixinhas de cerveja debaixo do braço, e como estava extremamente suado, pôs as cervejas no freezer e partiu pra tomar uma ducha gelada!

Quando falava do Marcos; os olhos de Adriele brilhavam feito duas turmalinas de rara beleza! E repetiu em diversos momentos da conversa, que ele era o “melhor marido do mundo”! No entanto, foi categórica na hora de enumerar a fileira de defeitos que o seu amado possuía, coisas essas, que a irritavam bastante e que serviam de tripé para as discussões esporádicas que rolavam entre eles, ressaltando que, essas brigas aconteciam bem de vez em quando, porque eles passavam a maior parte do tempo (de chamego) mesmo!

E prosseguiu me confidenciando que os hábitos mais reprováveis na conduta do marido eram: respingar a tampa do vaso, nunca lavar os seus copos e pratos, deixar a cueca e a toalha molhadas em cima da cama após o banho e, principalmente, ficar trocando o canal da tv a cada quinze minutos!

Eu dei risadas o tempo todo, porque ela parecia enfezada, sabe?

Mas bastou ele gritar que queria uma cueca e uma toalha secas, ela pediu licença dos nossos assuntos, e foi correndo atender ao chamado de seu macho man!

Acendi um cigarro e fiquei pensando em como são as coisas.
Adrieli tinha uma vida bastante simplória, quatro filhos, um trabalho mediano, ganhava pouco, no entanto, ela me parecia uma mulher muito realizada. Havia me contado que ‘se casou’ com Marcos a contragosto de sua família.

Ela tinha dezesseis anos, cursava o ensino médio e ficou perdidamente apaixonada pelo rapaz mais cantante que trabalhava na obra do prédio em frente à lan house que frequentava. Saiu com ele umas três vezes, deram uns amassos bem quentes pelos muros das construções vizinhas e, isso, foi o bastante para que chegassem a um veredito: dariam um rumo diferente à relação!
E deram, porém, a decisão de ambos causou, a princípio, uma baita confusão!

Seu Américo, pai de Adrieli, um militar aposentado, era um homem bastante rígido; de princípios austeros; por isso, não admitiu de modo algum aquele namoro, alegando de forma preconceituosa, que a relação era descabida, pelo simples fato de o Marcos ser um mero servente de obra, e que ainda por cima, tinha pinta de galã de filme pornochanchada!

Dá pra acreditar nisso?

Não adiantou o velho querer impedir o romance! Suas ameaças mais terríveis foram descartadas pela filha, quinze minutos depois!
Adriele estava apaixonada por aquele homem, não podia esperar mais. Arrumou as suas bolsas e, à surdina, fugiu de casa, deixando apenas um bilhete em cima da mesa, que dizia:

“ – Pai, fui ser feliz com o meu homem! Sua filha saiu do casulo, voa livre e colorida por aí! Adeus”!

Adrieli me contou sem tristeza nenhuma no semblante, que nunca mais falou com o seu pai. Eles não se procuram; não se interessam e estão pouco se lixando se a família precisa ser refeita ou não! Me confidenciou que não sente a menor falta dele, que se tratava de um carrasco, na verdade, jamais um pai afetuoso, desses que todas as filhas anseiam, sabe?

Com a voz embargada, contou que quando era criança, seu Américo dava surras colossais nela e ainda, de quebra, traía e judiava de dona Irene, sua mãe.
Em relação à mãe, ela amenizou, dizendo que elas se cumprimentam na rua, quando, acidentalmente, se deparam uma com a outra e que não guarda nenhum tipo de rancor a seu respeito, porém, não admite a sua passividade, fingindo-se de cega e encobrindo as maracutaias “daquele velho” ao longo dos muitos anos em que estão casados.

Fiquei emocionado com este relato, não sabia o que dizer, segurei as mãos de Adriele, que me puxou prum abraço bastante sincero!
Acabei tomando a minha taça de vinho numa única golada, para não cair aos prantos no meio da conversa, né?

Marcos veio andando até o quintal, pediu licença a mim, e solicitou que Adriele fosse com ele até o quarto para que levassem “um particular”!
Me garantiu que em meia hora, “a parada” estaria resolvida e que eles voltariam pro quintal pra gente continuar conversando e tomando uma cerveja bem gelada.

Concordei e fiquei aguardando, recostado numa rede estendida debaixo de uma frondosa mangueira, motivo de alívio pra toda família, que em dias de forte calor, se abrigavam ali da maneira que melhor convinha.

Abri outra garrafa de vinho e aproveitei para acender um cigarro de palha!

Fiquei pensando numas mil coisas subentendidas por “resolver à parada” em meia hora. Ou eles estavam discutindo alguma pendenga importante e, de repente, ele estava descendo o cacete na mulher ou, na melhor das hipóteses, estavam dando aquela namoradinha clássica de domingo, pós-futebol com os amigos!
O que significava, é claro, que de um jeito ou de outro, Marcos, certamente, estaria descendo o cacete na mulher!!!

Eu sou um poeta malicioso, Senhores! De cada grupo de dez coisas que eu penso ao longo do dia, pelo menos quatro, tem a ver com putaria!!

Não deu outra! Uma hora depois, surgiu Adriele, toda serelepe, de banho tomado, batendo o cabelinho molhado dela, com um sorriso escancarado de canto de orelha, um cheirinho intenso de hidratante Monange na pele e, pedindo para que eu a servisse uma cerveja bem gelada.
Apaguei o cigarro de palha, dei uma risadinha cretina pra minha entrevistada e, antes q’eu dissesse qualquer outra coisa, ela quebrou o silêncio, revelando:

“ – o que eu tinha que fazer, já fiz! Estou toda satisfeita”!

Rimos e retomamos a conversa!

Marcos aproveitou o banquete do almoço para saciar o seu apetite voraz!
Comeu feijoada, farofa, arroz de forno, linguicinha fatiada, gomos frescos de laranja e umas lascas fartas de carne seca, cozidas à lenha e; ainda sob a panela de pressão. Não me fiz de rogado, peguei o meu prato e aceitei mais uma porção de feijoada com lascas de carne seca!

Eu estava me sentindo o filho ilustre do herói nacional Macunaíma, naquela tarde ensolarada e escaldante! Anotava algumas coisas, fumava os meus cigarros, bebia, dava umas risadas, enfim, eu realmente me deliciei com as revelações engraçadas do cotidiano feliz daquela família!

Terminado o almoço, Marcos se serviu de meio balde de Coca Cola. Guardou os pratos na pia, se espreguiçou recostado à pilastra da varanda dos fundos, deu uma coçada no saco, bateu com a mão direita sobre a barriga e soltou um arroto bastante barulhento.
Depois, abriu uma latinha de cerveja, puxou uma cadeira e disse:

“ – agora sim, a gente pode conversar sossegado, meu brother”!

Pedi licença pra acender outro cigarro de palha e aproveitei para encher a minha taça de vinho com fartura!

Marcos contou de maneira bem humorada, as intrincadas e adversas situações ocorridas em seus quase doze de anos de vida em comum com Adriele.
Eles mantêm o viço dos primeiros tempos de namorico! São fogosos, cúmplices, dinâmicos e, de fato, batalhadores! Já atravessaram alguns perrengues para que não faltasse comida dentro de casa, mas nunca dependeram dum centavo sequer dos seus pais ou de quem quer que seja!
São orgulhosos, falam mal dos sogros descaradamente, de maneira muito descontraída, é claro!

Dona Irene, mãe de Adriele, ganhou dois apelidinhos: “- cascavel de chocalho” e “catiço”!

Marcos hoje em dia, é dono de uma Oficina Mecânica super conceituada aqui na cidade. Consegue com os seus esforços, arrecadar uma grana esperta para atender as necessidades familiares e usufruir de algumas mordomias.

Segurou a mão da mulher, olhou dentro dos meus olhos e disse:

“ – pode escrever aí no seu texto, poeta, que nós somos felizes à beça! E no que depender de mim, a gente nunca vai se separar”!

Eu fiquei tão comovido que sugeri mais um brinde, enchendo, é claro, a minha taça de vinho sem a menor cerimônia!

E ele finalizou: “ – a gente pretende oficializar a nossa situação, tá ligado? E se você quiser, vai ser um dos nossos padrinhos! Faço questão”!

Fiquei lisonjeado com o convite, imagina! E prometi que quando isso acontecer, a lua de mel será por minha conta.
Eles poderão escolher entre: Campos do Jordão, Paraty ou Lumiar!

A nossa conversa seguiu de maneira muito proveitosa! Saí de lá, por volta das nove da noite, tropeçando em mim mesmo, devido aos drink’s que degustei, porém, imensamente feliz e orgulhoso, por ter sido escolhido para testemunhar o cotidiano duma família sensacional!

E concluo esta narrativa reforçando: aonde existe amor, todo o resto se transforma a contento! Basta acreditar nos sonhos, ter boa vontade e seguir adiante!
Viver é agora!
Aonde existe Amor!!!

A narrativa desta semana, Senhores, é resultado de um encontro muito proveitoso com uma família tipicamente interessante. 
Fui apresentado ao casal Marcos Paulo e Adriele, por intermédio de uma amiga em comum, e nos afeiçoamos de imediato! 

Mantivemo-nos em contato regular por cerca de seis meses, até eu me sentir finalmente a vontade, a ponto de requisitar uma entrevista, se é que posso classificar assim, o enorme e recíproco prazer de estar na companhia uns dos outros. 

Este registro, especificamente, foi sugestão do próprio Marcos, que ao descobrir que eu escrevia; se entusiasmou com a ideia de me contar minúcias sobre a sua vida familiar em comum. 
Adriele me cativara à primeira impressão. Uma mulher imensamente simples, porém, extremamente agradável e bem articulada!

Eu havia, descontraidamente, mencionado sobre as minhas pretensões literárias, e ela, de forma sorridente e receptiva, quis saber o que seria necessário, para que eu transformasse, ainda que de maneira resumida, sua saga cotidiana num texto que se encaixasse ao meu projeto.

Foi por e-mail que Adriele e Marcos, preliminarmente, tiveram o primeiro contato com os meus escritos. E eles realmente gostaram! Tanto é que, a cada nova publicação neste espaço, a gente se telefonava e dava muitas risadas por causa dos acontecimentos narrados!

O dia sugerido, para que eu obtivesse as informações necessárias para criar este texto, foi domingo!

Marcos e Adriele me convidaram prum churrasco, exclusivo, na casa onde vivem com os seus quatro filhos: Justin Jackson (10), Ketlen Ohara (8), Jenifer Jolie (6) e Maicon Bieber (3).

Os filhos de Marcos e Adriele Silva são uma graça! Cada um a seu modo, são extremamente sapecas, antenados, curiosos e muito, mas muito inteligentes! 
Os nomes das crianças; foram escolhidos de maneira planejada, visando, é claro, homenagear os grandes ídolos apreciados pelo casal.

Cheguei por volta das nove e meia! A manhã ensolarada estava propícia ao que tínhamos em mente: diversão, comidinha, prosa, irreverência, cerveja gelada, vinho tinto e outras seletas variadas de finesses, elaboradas com afinco e total boa vontade!

Foi Justin Jackson quem abriu o portão, gritando aos quatro cantos:
“ – Mãe, tio Will chegou”! 

E em poucos minutos, fui abraçado carinhosamente por todos eles e, claro, pela anfitriã, que me ofereceu uma cerveja e a recomendação para que eu me sentisse totalmente em casa! 
E foi exatamente assim que fiquei o tempo todo, extremamente à vontade! Marcos estava jogando futebol com os amigos, porém, não tardaria!

Levei doces e guloseimas para a criançada! Eles se refestelaram, obvio, e tiraram um baita sarro da minha cara, todas às vezes, que eu confundia os seus nomes!

Ketlen Ohara estava entretida mexendo no Facebook, enquanto Jenifer Jolie insistia em ajudar a mãe com os preparativos do nosso banquete! 
Uma bonequinha, essa guria!

Justin Jackson; assistia um desenho animado no Cartoon e depois resolveu me mostrar o seu novo jogo de futebol, para PlayStation (2). 
Maicon Bieber corria pelo quintal atrás do cachorro!

Adriele abriu o freezer e me contemplou com um presente delicadíssimo: três garrafas de vinho tinto (Santa Carolina – Sauvignon Cabernet). 
Pensei: “- hoje eu vou me esbaldar”!

Agradeci o mimo, pedindo um saca rolhas e uma taça bem robusta! Acendemos um cigarro e brindamos alegremente o acontecimento feliz, profetizando o nosso bem estar pleno!

Marcos chegou antes do meio dia! Foi extremamente simpático, perguntou se eu estava à vontade, trazia duas caixinhas de cerveja debaixo do braço, e como estava extremamente suado, pôs as cervejas no freezer e partiu pra tomar uma ducha gelada! 

Quando falava do Marcos; os olhos de Adriele brilhavam feito duas turmalinas de rara beleza! E repetiu em diversos momentos da conversa, que ele era o “melhor marido do mundo”! No entanto, foi categórica na hora de enumerar a fileira de defeitos que o seu amado possuía, coisas essas, que a irritavam bastante e que serviam de tripé para as discussões esporádicas que rolavam entre eles, ressaltando que, essas brigas aconteciam bem de vez em quando, porque eles passavam a maior parte do tempo (de chamego) mesmo!

E prosseguiu me confidenciando que os hábitos mais reprováveis na conduta do marido eram: respingar a tampa do vaso, nunca lavar os seus copos e pratos, deixar a cueca e a toalha molhadas em cima da cama após o banho e, principalmente, ficar trocando o canal da tv a cada quinze minutos! 

Eu dei risadas o tempo todo, porque ela parecia enfezada, sabe?

Mas bastou ele gritar que queria uma cueca e uma toalha secas, ela pediu licença dos nossos assuntos, e foi correndo atender ao chamado de seu macho man!

Acendi um cigarro e fiquei pensando em como são as coisas. 
Adrieli tinha uma vida bastante simplória, quatro filhos, um trabalho mediano, ganhava pouco, no entanto, ela me parecia uma mulher muito realizada. Havia me contado que ‘se casou’ com Marcos a contragosto de sua família. 

Ela tinha dezesseis anos, cursava o ensino médio e ficou perdidamente apaixonada pelo rapaz mais cantante que trabalhava na obra do prédio em frente à lan house que frequentava. Saiu com ele umas três vezes, deram uns amassos bem quentes pelos muros das construções vizinhas e, isso, foi o bastante para que chegassem a um veredito: dariam um rumo diferente à relação! 
E deram, porém, a decisão de ambos causou, a princípio, uma baita confusão!

Seu Américo, pai de Adrieli, um militar aposentado, era um homem bastante rígido; de princípios austeros; por isso, não admitiu de modo algum aquele namoro, alegando de forma preconceituosa, que a relação era descabida, pelo simples fato de o Marcos ser um mero servente de obra, e que ainda por cima, tinha pinta de galã de filme pornochanchada!

Dá pra acreditar nisso?

Não adiantou o velho querer impedir o romance! Suas ameaças mais terríveis foram descartadas pela filha, quinze minutos depois! 
Adriele estava apaixonada por aquele homem, não podia esperar mais. Arrumou as suas bolsas e, à surdina, fugiu de casa, deixando apenas um bilhete em cima da mesa, que dizia: 

“ – Pai, fui ser feliz com o meu homem! Sua filha saiu do casulo, voa livre e colorida por aí! Adeus”!

Adrieli me contou sem tristeza nenhuma no semblante, que nunca mais falou com o seu pai. Eles não se procuram; não se interessam e estão pouco se lixando se a família precisa ser refeita ou não! Me confidenciou que não sente a menor falta dele, que se tratava de um carrasco, na verdade, jamais um pai afetuoso, desses que todas as filhas anseiam, sabe? 

Com a voz embargada, contou que quando era criança, seu Américo dava surras colossais nela e ainda, de quebra, traía e judiava de dona Irene, sua mãe. 
Em relação à mãe, ela amenizou, dizendo que elas se cumprimentam na rua, quando, acidentalmente, se deparam uma com a outra e que não guarda nenhum tipo de rancor a seu respeito, porém, não admite a sua passividade, fingindo-se de cega e encobrindo as maracutaias “daquele velho” ao longo dos muitos anos em que estão casados.

Fiquei emocionado com este relato, não sabia o que dizer, segurei as mãos de Adriele, que me puxou prum abraço bastante sincero! 
Acabei tomando a minha taça de vinho numa única golada, para não cair aos prantos no meio da conversa, né?

Marcos veio andando até o quintal, pediu licença a mim, e solicitou que Adriele fosse com ele até o quarto para que levassem “um particular”! 
Me garantiu que em meia hora, “a parada” estaria resolvida e que eles voltariam pro quintal pra gente continuar conversando e tomando uma cerveja bem gelada.

Concordei e fiquei aguardando, recostado numa rede estendida debaixo de uma frondosa mangueira, motivo de alívio pra toda família, que em dias de forte calor, se abrigavam ali da maneira que melhor convinha.

Abri outra garrafa de vinho e aproveitei para acender um cigarro de palha!

Fiquei pensando numas mil coisas subentendidas por “resolver à parada” em meia hora. Ou eles estavam discutindo alguma pendenga importante e, de repente, ele estava descendo o cacete na mulher ou, na melhor das hipóteses, estavam dando aquela namoradinha clássica de domingo, pós-futebol com os amigos! 
O que significava, é claro, que de um jeito ou de outro, Marcos, certamente, estaria descendo o cacete na mulher!!!

Eu sou um poeta malicioso, Senhores! De cada grupo de dez coisas que eu penso ao longo do dia, pelo menos quatro, tem a ver com putaria!!

Não deu outra! Uma hora depois, surgiu Adriele, toda serelepe, de banho tomado, batendo o cabelinho molhado dela, com um sorriso escancarado de canto de orelha, um cheirinho intenso de hidratante Monange na pele e, pedindo para que eu a servisse uma cerveja bem gelada. 
Apaguei o cigarro de palha, dei uma risadinha cretina pra minha entrevistada e, antes q’eu dissesse qualquer outra coisa, ela quebrou o silêncio, revelando: 

“ – o que eu tinha que fazer, já fiz! Estou toda satisfeita”!

Rimos e retomamos a conversa! 

Marcos aproveitou o banquete do almoço para saciar o seu apetite voraz! 
Comeu feijoada, farofa, arroz de forno, linguicinha fatiada, gomos frescos de laranja e umas lascas fartas de carne seca, cozidas à lenha e; ainda sob a panela de pressão. Não me fiz de rogado, peguei o meu prato e aceitei mais uma porção de feijoada com lascas de carne seca!

Eu estava me sentindo o filho ilustre do herói nacional Macunaíma, naquela tarde ensolarada e escaldante! Anotava algumas coisas, fumava os meus cigarros, bebia, dava umas risadas, enfim, eu realmente me deliciei com as revelações engraçadas do cotidiano feliz daquela família!

Terminado o almoço, Marcos se serviu de meio balde de Coca Cola. Guardou os pratos na pia, se espreguiçou recostado à pilastra da varanda dos fundos, deu uma coçada no saco, bateu com a mão direita sobre a barriga e soltou um arroto bastante barulhento. 
Depois, abriu uma latinha de cerveja, puxou uma cadeira e disse: 

“ – agora sim, a gente pode conversar sossegado, meu brother”!

Pedi licença pra acender outro cigarro de palha e aproveitei para encher a minha taça de vinho com fartura!

Marcos contou de maneira bem humorada, as intrincadas e adversas situações ocorridas em seus quase doze de anos de vida em comum com Adriele. 
Eles mantêm o viço dos primeiros tempos de namorico! São fogosos, cúmplices, dinâmicos e, de fato, batalhadores! Já atravessaram alguns perrengues para que não faltasse comida dentro de casa, mas nunca dependeram dum centavo sequer dos seus pais ou de quem quer que seja! 
São orgulhosos, falam mal dos sogros descaradamente, de maneira muito descontraída, é claro! 

Dona Irene, mãe de Adriele, ganhou dois apelidinhos: “- cascavel de chocalho” e “catiço”!

Marcos hoje em dia, é dono de uma Oficina Mecânica super conceituada aqui na cidade. Consegue com os seus esforços, arrecadar uma grana esperta para atender as necessidades familiares e usufruir de algumas mordomias. 

Segurou a mão da mulher, olhou dentro dos meus olhos e disse: 

“ – pode escrever aí no seu texto, poeta, que nós somos felizes à beça! E no que depender de mim, a gente nunca vai se separar”! 

Eu fiquei tão comovido que sugeri mais um brinde, enchendo, é claro, a minha taça de vinho sem a menor cerimônia! 

E ele finalizou: “ – a gente pretende oficializar a nossa situação, tá ligado? E se você quiser, vai ser um dos nossos padrinhos! Faço questão”!

Fiquei lisonjeado com o convite, imagina! E prometi que quando isso acontecer, a lua de mel será por minha conta. 
Eles poderão escolher entre: Campos do Jordão, Paraty ou Lumiar!

A nossa conversa seguiu de maneira muito proveitosa! Saí de lá, por volta das nove da noite, tropeçando em mim mesmo, devido aos drink’s que degustei, porém, imensamente feliz e orgulhoso, por ter sido escolhido para testemunhar o cotidiano duma família sensacional!

E concluo esta narrativa reforçando: aonde existe amor, todo o resto se transforma a contento! Basta acreditar nos sonhos, ter boa vontade e seguir adiante! 
Viver é agora!